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Doenças que vêm com a idade: mitos e verdades

Enfermidades associadas ao envelhecimento existem, mas há mudanças orgânicas absolutamente normais que muita gente acha que é doença

Por Sidney Klajner
28 ago 2023, 09h32
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  • A mulher de sessenta e poucos anos nem sempre consegue lembrar o nome do filme ou da atriz e está convencida de que são os primeiros sinais de Alzheimer.

    O senhor da faixa dos setenta anos indaga-se se tem alguma doença porque antes fazia a maratona em 4 horas e agora leva 15 minutos a mais.

    Geriatra do Einstein, o Dr. Fabio Nasri me conta que histórias como essas são comuns em seu consultório. Para esses pacientes, ele repete a mesma explicação: o envelhecimento envolve uma série de mudanças orgânicas que são fisiológicas e normais.

    Certa perda de memória de curto prazo não indica um quadro de demência, nem o prejuízo na performance do corredor sugere alguma enfermidade.

    Também costumam atormentar alguns idosos a perda de cabelo mais intensa, a queda do desempenho sexual e os vincos e rugas na pele que se acentuam.

    Implante capilar, medicamentos para impotência, botox e preenchimentos ajudam a enfrentar essas situações e melhorar a autoestima.

    Nada disso, porém, brecará o processo de envelhecimento e as mudanças que ocorrem no organismo. Isso porque as células já não se dividem como antes, trazendo consequências das quais podemos não gostar — e às vezes temos dificuldade de aceitar — mas que não são doenças. São normais.

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    + Leia também: Velhos, sim; Doentes, não! A nova cara e os desafios da velhice

    As doenças reais

    Excluídos esses inconvenientes, existem as doenças reais, cuja incidência aumenta com a idade.

    Entre elas estão o diabetes, cuja prevalência na população brasileira em geral é de 8% e de 17% nas pessoas com mais de 75 anos, e a hipertensão arterial, com taxas de cerca de 12% e 50% na mesma comparação.

    Sem cuidados adequados, essas condições crônicas e outros problemas, como obesidade e colesterol alto, podem levar a problemas circulatórios e evoluir para um infarto ou AVC.

    A dica é simples: seguir as orientações do médico à risca para evitar complicações.

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    Entre as recomendações, certamente estão a prática regular de atividade física, que ajuda a enfrentar as questões do sistema metabólico e vascular e também as relacionadas à mobilidade e flexibilidade.

    Mas nada de se concentrar em uma única modalidade. Aquele habituado à musculação ou o exímio corredor pode ter dificuldade para amarrar o sapato se não fizer alongamento.

    E a dedicada praticante de yoga que não faz um exercício aeróbico pode não ter pique para subir alguns lances de escada. Assim, é importante realizar atividades aeróbicas e de força (como musculação), além do alongamento.

    Demências: dá para diminuir o risco

    À medida que a idade avança, cresce um mesmo temor entre as pessoas: a possibilidade de demência.

    No entanto, segundo estudo publicado na revista The Lancet, podemos intervir em 40% dos fatores de risco e assim prevenir ou pelo menos retardar os distúrbios demenciais.

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    Isso vai desde o receituário da vida saudável – atividade física, não fumar, evitar consumo de álcool, combater a obesidade e controlar o diabetes e a hipertensão – até a importância de nos estimular intelectualmente, diversificar hábitos e nos desafiar para desenvolver outras habilidades (aprender um novo idioma ou a tocar um instrumento, por exemplo).

    + Leia também: 10 fatores que pesam na prevenção da demência

    Na avaliação do Dr. Nasri um aspecto muito interessante desse estudo é que ele aponta que 8% das causas evitáveis de demência estão na esfera da capacidade auditiva.

    Nós nos ‘alimentamos’ dos estímulos dia a dia, inclusive do diálogo com as pessoas, do que assistimos na TV e das interações sociais.
    Com o declínio auditivo, os indivíduos começam a se isolar e deixam de participar até das atividades mais corriqueiras porque sabem que não conseguirão entender o que os outros estão falando.

    Assim, perdem o diálogo, a interação social e as trocas que nos enriquecem e estimulam a mente. Se começar a não escutar bem, é bom colocar logo um aparelho auditivo.

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    Câncer

    Os tumores também aumentam de incidência com o envelhecimento. Aqui vale igualmente o receituário da vida saudável – atividade física, dieta equilibrada, não fumar etc.

    Mas é importante ainda a rotina de check-ups, consultas com exame físico acurado e testes de rastreamento – como mamografia, colonoscopia, endoscopia, ultrassonografia e outros, de acordo com o sexo, fatores de risco e quadro clínico.

    Muitos tipos de câncer são curáveis quando diagnosticados na fase inicial.

    Em relação às doenças oncológicas, vale ainda destacar algo que os brasileiros e brasileiras nem sempre lembram: OK ir aos dermatologistas para fins estéticos, mas é preciso procurá-los também para avaliação oncológica.

    O câncer de pele – fortemente associado ao efeito cumulativo da exposição aos raios solares – é o mais incidente em nosso país.

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    Envelhecer é um processo inevitável, assim como as mudanças fisiológicas trazidas por ele e o risco aumentado para algumas doenças. Mas há uma série de atitudes a evitar e cuidados que podemos tomar para envelhecer bem.

    Esquecer os mitos e explorar as verdades é a melhor forma de cultivar a saúde em todas as idades.

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