Estima-se que até 40% das mulheres sofram de alguma disfunção sexual e que até 27% sintam dor durante a penetração. Essa dor pode começar antes do sexo em si ou surgir durante a atividade sexual.
Tecnicamente, chamamos esse quadro de dor gênito-pélvica feminina, e o desconforto pode ser mais localizado ou generalizado, leve ou intenso, temporário ou presente ao longo de boa parte da vida.
Para entendermos o que se passa e fazermos o diagnóstico, levamos em consideração pelo menos uma das dificuldades listadas abaixo, que podem ser recorrentes:
– Dor durante a penetração vaginal
– Dor na vagina, na vulva ou na pelve durante o contato genital
– Medo ou ansiedade relacionados à dor na região, antes, durante ou após a relação
– Aumento do tônus muscular do assoalho pélvico, que se contrai com ou sem contato íntimo (quadro conhecido como vaginismo)
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Diversas condições podem estar atreladas às dores na hora agá, de alterações anatômicas a inflamações, passando por traumas físicos, efeitos colaterais de outras doenças e questões psicossociais. E há também os quadros sem causa definida, que chamamos de dores idiopáticas.
Em alguns casos, o desconforto durante o sexo está associado a problemas prevalentes como infecções urinárias, endometriose e candidíase. Em outros, está ligado a determinadas fases da vida como a pré e a pós-menopausa, que geram mudanças na região íntima.
Devido a essa ampla variedade de causas, ao perceber dor ou desconforto durante o sexo, é importante prestar atenção a alguns detalhes que devem ser repassados ao ginecologista, o que facilitará o diagnóstico e o tratamento.
Quando a dor ocorre? É durante as preliminares, mas sem que haja contato genital? É logo no comecinho da penetração ou já durante a penetração mais profunda? Dói depois do sexo também? E quando você se exercita, dói?
Onde localiza o incômodo? Na vulva, mais no clitóris ou nos lábios? A dor está na entrada da vagina ou no fundo, na pelve? Sente algo próximo ao ânus?
Quando a dor começou? Depois do parto, de uma cirurgia, de lesões de bacia ou quadril, acidentes, tratamentos contra o câncer ou abuso sexual? A dor começou junto com o início da atividade sexual ou apareceu depois?
Sim, há um monte de perguntas que nos direcionam à melhor abordagem. O tratamento em geral é multidisciplinar, podendo envolver medicamentos, exercícios locais e terapia.
Não é raro que as disfunções sexuais sejam acompanhadas da queda da libido. Nessa situação, o tratamento de um dos problemas costuma resolver ou melhorar o outro.
Sentir dor durante a relação sexual impacta negativamente a vida das pessoas em vários aspectos: saúde, autoestima, relacionamento, produtividade etc. Por si só, a dor e o medo que desata são motivos suficientes para procurar ajuda médica, mas o fato é que muitas mulheres só procuram apoio quando o transtorno vai além das repercussões na cama.
O tratamento deve focar na causa da dor, mas sem se esquecer do bem-estar como um todo. Por isso, além de mudanças no estilo de vida, práticas como higiene do sono, ioga, autoconhecimento, fisioterapia pélvica e terapia de casal podem ser bem-vindas.
* Priscila Hime é ginecologista especialista em sexualidade da Oya Care, a primeira clínica virtual de saúde feminina no Brasil
Este texto foi produzido em uma parceria exclusiva entre VEJA SAÚDE e Oya Care