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O micro-ondas faz mal para a saúde ou deixa a comida menos nutritiva?

Saiba se esse eletrodoméstico afeta seu corpo ou a qualidade da alimentação de alguma forma. E fique de olho nas normas de segurança para evitar acidentes

Por Maria Tereza Santos
15 dez 2020, 12h28
Foto de micro-ondas: ele faz mal?
O micro-ondas gera dúvidas dos leitores quanto à sua segurança. (Foto: Frank Wittkowski / Pixabay/Divulgação)
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O micro-ondas é prático — e isso não dá para negar. No entanto, como utiliza um tipo de radiação para aquecer a comida, muitas pessoas temem que ele prejudique a saúde. Esse eletrodoméstico não pode afetar o corpo de quem está ao lado dele? E não interfere na qualidade nutricional da comida? A leitora Betina Neves nos fez essas questões.

Para sanar as dúvidas, conversamos com dois especialistas: o engenheiro de alimentos Álvaro do Amarante, professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), e o físico Cláudio Hiroyuki Furukawa, do Laboratório de Demonstrações do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP).

Como o micro-ondas funciona

Quando ele é ligado, um tubo chamado magnetron dispara ondas eletromagnéticas. Um ventilador interno ajuda a propagá-las em todas as direções, gerando um campo eletromagnético.

Furukawa explica que as moléculas de água dos alimentos que colocamos lá dentro interagem com esse campo. Elas começam a, digamos, vibrar bastante. E esse agito aquece a refeição.

A radiação pode afetar quem fica perto do micro-ondas?

Precisamos diferenciar entre radiação ionizante e não ionizante. “O primeiro tipo causa mesmo mudanças na estrutura genética das células”, aponta. É o caso dos raios ultravioleta, raios X e raios gama.

Já a radiação emitida pelo micro-ondas é não ionizante. Ou seja, possui uma baixa frequência, que não tem potencial para alterar o DNA. “Elas servem apenas para aquecer”, arremata Furukawa.

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Claro que, se essa radiação fosse apontada diretamente para o nosso corpo, poderia provocar queimaduras. Mas isso só ocorreria com exposições altas — e os aparelhos possuem mecanismos de segurança. Não à toa, você não consegue ligá-lo com a porta aberta.

Isso, no entanto, chama a atenção para a necessidade de manter seu equipamento em um bom estado de conservação. Respeite as orientações do fabricante (e fique de olho nas dicas de segurança que colocaremos no fim da reportagem).

Inclusive, a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) confirma a segurança desse aparelho.

O micro-ondas afeta a qualidade dos alimentos?

Ok, o equipamento não prejudica diretamente o organismo. Mas e a comida: será que ela perde os nutrientes?

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O engenheiro de alimentos Álvaro do Amarante conta que, na verdade, toda vez que você esquenta uma refeição, certos componentes sensíveis ao calor vão se perder. Independentemente do método empregado.

“Mas, de modo geral e pensando em saúde apenas, o micro-ondas não é pior que o aquecimento convencional no forno à gás ou elétrico”, completa o especialista.

Existem evidências científicas disso. Um estudo publicado em 2009 no periódico Journal of Food Science comparou a perda de substâncias antioxidantes de 20 vegetais em diferentes formas de preparo (ferver, cozinhar em panela de pressão, grelhar, fritar, assar ou aquecer no micro-ondas).

Após a análise, os cientistas concluíram que o eletrodoméstico gerou uma das menores perdas, junto com técnicas para grelhar e assar. O que mais fez os antioxidantes evaporarem foi o cozimento sob pressão e a fervura.

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É claro que a nutrição vai muito além de antioxidantes. Entretanto, a OMS também aponta que os alimentos preparados no micro-ondas possuem o mesmo valor nutricional que os cozidos em forno convencional.

Apesar da praticidade, o utensílio tem suas limitações gastronômicas. Amarante lembra que o poder de penetração das ondas eletromagnéticas nos alimentos fica na faixa de 2 a 2,5 centímetros.

“Alimentos com dimensões grandes, como um pedaço de carne, não esquentam nem cozinham por inteiro”, orienta o professor da PUC-PR. “O mais indicado é aquecer alimentos pequenos e finos”, arremata.

Além disso, o gosto e a consistência da comida normalmente ficam menos apetitosos — em comparação com o aquecimento no fogão. Como o micro-ondas se mostra seguro, seu uso depende mais do gosto, do tempo e da refeição escolhida.

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Normas de segurança para usar o micro-ondas

Antes de tudo, evite colocar produtos que possuem pele, casca ou película protetora (como ovos, batatas, tomates e salsichas). Devido à pressão interna, há o perigo de eles explodirem, sujarem tudo e até provocarem acidentes em situações extremas.

Agora, ambos os especialistas entrevistados alertam que o verdadeiro perigo envolve os recipientes utilizados para acomodar a comida dentro do micro-ondas. “Alguns plásticos são fabricados com solventes orgânicos, sendo que parte deles é cancerígeno. Essas substâncias, quando aquecidas, são liberadas”, relata Amarante.

“O próprio consumidor tem como perceber, porque esses plásticos soltam um cheiro ruim e chegam a ficar moles”, acrescenta Furukawa. Claro que um deslize isolado não vai determinar o aparecimento de um câncer, mas convém evitar esse tipo de atitude.

Os recipientes recomendados para irem ao forno de micro-ondas são os de vidro e cerâmica. Ou plásticos que são sinalizados na embalagem como seguros para esse modo de aquecimento.

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Ah, e jamais coloque embalagens de metal, palhas de aço, papel alumínio ou panelas. “Metais são materiais condutores. A interação deles com o campo eletromagnético das micro-ondas vai gerar uma corrente elétrica. O aparelho pode pegar fogo e até explodir”, alerta Furukawa.

Por fim, lembre-se de comprar equipamentos com a certificação do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e sempre siga as orientações do manual de instruções.

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