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O mundo também é dos vírus. E o virologista e especialista em coronavírus Paulo Eduardo Brandão, professor da Universidade de São Paulo (USP), guia nosso olhar sobre esses e outros micróbios que circulam por aí.
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Como se procura um vírus? A complexa jornada pelos testes e laboratórios

Por que existem métodos diferentes para rastrear o coronavírus e outros agentes infecciosos? Tudo depende do que queremos buscar, explica nosso colunista

Por Paulo Eduardo Brandão
10 dez 2020, 10h08

Já parou para pensar como se encontra algo que foge à nossa visão com seu tamanho de milionésimos de milímetros, se esconde dentro de nossas células e nem sempre dá sinais de vida? Pois assim é um vírus.

E como identificamos sua presença? Temos algumas ferramentas para ir atrás das pistas virais. Uma delas é o PCR, sigla para reação em cadeia pela polimerase. Essa tecnologia permite buscar um segmento do genoma (de um micro-organismo, uma planta ou um animal) produzindo em poucas horas no tubo de ensaio bilhões de cópias com uma combinação de certas enzimas e mesmo “iscas” sintéticas, que ajudam a rastrear um trecho específico do genoma e outros materiais que compõem o DNA.

Com o método, todo esse caldo é levado para “cozinhar” junto à amostra de um paciente em ciclos de altas e baixas temperaturas. E a gente vê cada cópia sendo produzida porque, quando a reação é específica para o que procuramos, ela emite luz.

Parece, então, que achar um pedaço do genoma do vírus significa que ele está se multiplicando neste exato instante, certo? Nem sempre: genomas ou fragmentos virais podem estar presentes tanto “frescos”, enquanto o vírus está na ativa, como “mumificados”, quando a replicação já parou há muito tempo.

Mas a passagem dos micro-organismos deixa uma pegada para o diagnóstico: a resposta imune. Encontrar anticorpos específicos quer dizer que vírus, bactérias ou mesmo protozoários passaram pelo nosso organismo. Em algumas doenças, caso da tuberculose, podemos buscar células de defesa que acusam que a bactéria esteve ali. Para saber o que procurar, precisamos saber como respondemos a cada agente infeccioso.

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Memória imunológica

Então ter anticorpos contra um vírus é sinal de que você está encarando uma infecção? Nem sempre, de novo. A infecção pode estar ocorrendo agora ou ter ocorrido há anos. O que ficou foi uma cicatriz imunológica.

O fato de ter anticorpos tampouco nos permite dizer que estamos realmente protegidos contra aquela doença. Sim, nem sempre isso acontece (mais uma vez!). Cada vírus tem um tempo e um modo de ação diferentes — da geração de sintomas à resposta imunológica. Ter anticorpos contra o vírus da febre amarela significa estar protegido. Ter anticorpos para o novo coronavírus, nem sempre.

O que poderia, então, demonstrar que o vírus está aqui e agora, vivo e se reproduzindo? Um modo é pegar amostras (sangue, saliva etc) e colocar o vírus para crescer em células dentro de frascos em laboratório e, aí, isolar o agente infeccioso. Mas há problemas aqui: para dar certo, às vezes o vírus tem de passar de frasco em frasco umas três vezes até que suas pistas sejam visíveis ao microscópio. Isso pode levar semanas. E o paciente não tempo esse todo para esperar.

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Mas há algo que definitivamente indica que um vírus está se multiplicando no momento em que a amostra foi coletada: suas proteínas. Elas só são fabricadas quando as células estão ativamente escravizadas pelos vírus, que precisam delas a todo instante para montar seus descendentes virais. Inclusive são chamadas de antígenos, porque estimulam a tal resposta imunológica.

Então o que procurar: genes, proteínas ou anticorpos? Quando surge um novo vírus, é mais rápido reconfigurar a metodologia de PCR para detectá-lo até que kits para antígenos virais ou anticorpos fiquem prontos. Mas o PCR é caro, demorado e exige laboratórios complexos. Testes para anticorpos e antígenos podem dar resultado em minutos e ser parecidos com os testes de gravidez, feitos ao lado do paciente e a custo menor.

Para saber quem é transmissor do vírus, achar proteínas virais é a via mais parcimoniosa: não importa se a pessoa está ou não com sintomas, ela vai ser etiquetada como fonte de infecção e pode ser tratada e isolada.

Para saber, por sua vez, onde já passou o vírus, precisamos recorrer aos testes que procuram anticorpos. E para saber se uma vacina “pegou”, também vamos à caça de anticorpos, não é? Nem sempre: a proteção e a presença dos anticorpos podem ser ou não ser a mesma coisa. Depende da doença.

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E esse “Ser ou Não Ser” ao estilo de Hamlet só pode ser respondido pra valer pelo sistema imune em toda a sua amplitude. Sempre.

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