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Garantir saúde, carinho e bem-estar na infância. Esse é o objetivo de cada linha escrita por Kelly Oliveira, pediatra e consultora internacional de amamentação.
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O que acontece na infância não fica na infância

Os primeiros anos de vida são de aprendizado puro, com o cérebro funcionando de forma excepcional. Ajude a criança a usufruir de todas as possibilidades

Por Kelly Oliveira
Atualizado em 2 jul 2021, 10h25 - Publicado em 1 jul 2021, 14h59

Um grito agudo seguido de um choro forte e a vida muda para sempre. O topo daquela cabeça tão pequenina ainda cheia de vernix, a boquinha buscando no seio o alimento e o aconchego. O colo que acalma qualquer queixa. A mãozinha que encontra a minha. Quando minha primeira filha veio ao mundo, o descobrir-se mãe foi algo surreal.

Foi como um mergulho profundo em águas inexploradas. Até via a superfície, de fora, como numa vitrine, mas a imersão me permitiu enxergar tudo que estava ali, submerso. Percebi o tamanho do presente e da responsabilidade que estavam em minhas mãos.

Vivenciar os primeiros mil dias de uma vida inteira é uma experiência única. O primeiro sorriso, a primeira gargalhada, a primeira palavra, os primeiros passos, as primeiras conquistas. São tantos “primeiros”… Várias coisas que acontecem no início dessa jornada importam muito mais do que se imagina! É sobre isso que quero falar com você.

Os primeiros anos são indiscutivelmente os mais importantes. É nesse período que o cérebro se forma e a criança cresce e se desenvolve como em nenhum outro momento. E seu potencial de aprendizado não pode ser ignorado.

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Um economista chamado James Heckman, vencedor do prêmio Nobel, chegou a mostrar que, para cada dólar investido na infância, há um retorno de sete dólares na vida adulta. Seu estudo foi chamado de Equação de Heckman, e expõe como a qualidade do desenvolvimento na primeira infância produz benefícios em longo prazo.

A verdade é que os bebês evoluem, nessa fase, de um jeito que jamais acontecerá novamente. Para ter ideia, o cérebro deles faz de 700 a 1 000 novas conexões por segundo. São os chamados “períodos sensíveis”, na qual esse órgão está mais apto a aprender. Cada experiência que a criança vive é interpretada como uma sinapse cerebral. E, quanto maior a qualidade dessas vivências, mais conexões irão acontecer.

Emoções também contam

Sabe aquele sorriso que você dá a seu filho quando ele sorri para você? E a forma como você o toca, segura no colo, acaricia as mãozinhas e os pezinhos e conversa com ele? Pois tudo isso contribui para o desenvolvimento do bebê de forma completa. A construção de um vínculo forte, amoroso e saudável é fundamental para o surgimento daquilo que chamamos de inteligência emocional.

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Além disso, todas as áreas de desenvolvimento estão fortemente interligadas. Ao sorrir, uma criança está correspondendo à linguagem que seus pais usaram desde que a pegaram no colo pela primeira vez. E, assim, através da imitação de um sorriso, ela ganha atenção. A partir da troca de afeto, o pequeno aprende ainda gestos e palavras. Tanto que, aos dois anos de idade, ele tende a falar diversas expressões e até frases. Afinal, todo um repertório de diferentes estímulos aconteceu até então, viabilizando essa competência.

O carinho e o contato físico funcionam como modeladores cerebrais, tornando até mesmo o sistema imunológico mais forte. Por isso, não devemos subestimar o poder de um simples abraço. Veja: um único gesto como esse faz a gente liberar ocitocina, um hormônio que traz diversos benefícios ao corpo. Na contramão, um toque carinhoso também ajuda a diminuir os hormônios de estresse.

Hora de explorar

As emoções chegam a estimular inclusive nas habilidades motoras. Já reparou que os primeiros passinhos são dados em direção ao abraço dos pais? A alegria de alcançar o brinquedo favorito também os faz encarar o desafio. Não existe outra fase da vida mais criativa, exploradora e intensa do que essa.

Aos olhos dos adultos, as coisas podem até parecer banais, mas jamais passam desapercebidas para uma criança: “Veja que interessante o que acontece com essa banana quando solto da minha mão: ela imediatamente cai no chão!” ou “quando jogo a bola, ela volta”. Os dois acontecimentos ainda geram um terceiro questionamento: “Por que será que a banana não volta também?”. Estamos diante de verdadeiros cientistas que, aos 6 meses de idade, tentam entender a tal da lei da gravidade de Isaac Newton.

“O que você está fazendo?”, “o que é isso?” e “qual é o nome dele?”. Esses são exemplos de perguntas que minha filhinha de 2 anos faz para absolutamente tudo aquilo que mostro a ela. Sua mente é curiosa, atenta e ávida pelo conhecimento. Para uma criança, o aprendizado não tem fim.

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Apenas permita-os brincar e lá vão eles, testando o seu raciocínio lógico em jogos de montar e empilhar blocos e em quebra-cabeças. Os pequenos querem compreender o mundo, custe o que custar.

Mas, afinal, como podemos ajuda-los nesse processo de desenvolvimento? Vou deixar algumas dicas com vocês:

1. Prepare o ambiente: É importante que ele seja calmo e tranquilo, permitindo a concentração. Não foque em muitos brinquedos, mas sim em brinquedos que estimulem o aprendizado.

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2. Imite e seja imitado: Crianças aprendem por reprodução. Elas copiam sons, gestos e ações que os adultos fazem. Em resumo, descobrem o mundo através do outro.

3. Narre, converse, interaja! É através da contação de histórias, leituras, conversas, música e troca que a criança aprende.

4. Tenha uma escuta ativa e ajude se precisar: Perceba quais as necessidades da criança naquele momento, o que ela está querendo te dizer? Ela precisa de uma ajuda para determinada tarefa? Lembre-se: não faça pela criança, mas dê o suporte necessário.

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5. Busque o sorriso: Seja divertido, faça a criança sorrir! Isso tornará o aprendizado natural e leve.

A infância só se vive uma vez. Viva-a intensamente com eles.

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