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Um a cada cinco idosos tem diabetes tipo 2, evitável com hábitos saudáveis

Em homenagem ao Dia Mundial do Diabetes (14 de novembro), especialista traz o impacto da doença e a importância do tratamento, especialmente nos mais velhos

Por Ronaldo Fernandes Rosa, cardiologista*
13 nov 2020, 12h54
dia mundial do diabetes
Idosos têm maior risco de sofrer com o diabetes tipo 2. (Ilustração: Ana Cunha/SAÚDE é Vital)
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O novo coronavírus poderá deixar sequelas físicas até mesmo em quem não foi contaminado. A mudança de hábitos imposta – ou justificada – pelas restrições da pandemia tende a agravar algumas doenças normalmente combatidas por bons hábitos. É o caso do diabetes. Dia 14 de novembro, aliás, é o Dia Mundial do Diabetes.

Para muitos, o #ficaemcasa virou um álibi para o sedentarismo e para a ingestão de comidas calóricas e pouco nutritivas, fatores que aumentam o risco de ganho de peso. É curioso como as pessoas em geral têm medo de doenças cujo ponto de partida é a obesidade, mas negligenciam o excesso de quilos como se ele significasse apenas uma questão estética. A maioria dos casos de diabetes tipo 2 – versão mais comum da doença, que está associada a um processo de resistência à insulina – está relacionada com hábitos de vida não saudáveis.

De acordo com a última edição do Atlas Mundial do Diabetes, mais de 16 milhões de brasileiros possuem esse problema. Nosso país é o quinto com maior incidência, perdendo apenas para Estados Unidos, Índia, China e Paquistão. No mundo, são 436 milhões de adultos (9% da população) com diabetes. Detalhe: 231 milhões não sabem disso.

O Estudo Epidemiológico de Informações da Comunidade – EPICO, da SOCESP (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo), revelou que, entre mais de 9 mil pacientes de unidades básicas de saúde de 32 cidades paulistas, somente 25% apresentavam valores de glicemia dentro das metas preconizadas.

O que é o diabetes e qual seu impacto entre os idosos

Trata-se de uma doença crônica, que se caracteriza por níveis constantemente altos de glicemia. Os principais sintomas são sede, rápida perda de peso, fome constante, cansaço inexplicável, muita vontade de urinar, dificuldade para cicatrização, infecções frequentes, visão embaçada. Acontece que, principalmente no começo, essas manifestações podem ser sutis ou mesmo inexistentes. Daí porque o diagnóstico requer exames clínicos.

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Além da obesidade e do sedentarismo, pressão alta, colesterol elevado ou uso de certas medicações contribuem para o desenvolvimento da doença.
O diabetes é considerado o terceiro maior fator de risco para doenças ateroscleróticas cardiovasculares, como infarto e AVC, segundo a Diretriz Brasileira sobre Prevenção de Doenças Cardiovasculares em Pacientes com Diabetes. Apesar disso, só um em cada quatro pacientes faz o tratamento de forma adequada. O impacto dessa negligência é grande: estimativas indicam que a doença está ligada a 11% das mortes ocorridas entre os 20 e 79 anos.

Justamente por estar mais sujeita aos fatores de risco, a população acima dos 65 anos é a mais propícia a desenvolver o diabetes tipo 2. A prevalência chega a 20% — cerca de um a cada cinco idosos —, o que corresponde a 5 milhões de idosos diabéticos no Brasil e 100 milhões no mundo. Estudos nacionais apontam incidência 60% maior da doença entre a população idosa na última década.

E tem outra coisa. Os efeitos naturais do envelhecimento e da redução da funcionalidade de vários órgãos, bem como a perda de massa muscular, agrava o diabetes.

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De acordo com a Diretriz de Cardiogeriatria, a mortalidade provocada pelo diabetes aumenta de acordo com faixas etárias maiores. Dos 65 aos 75 anos, cerca de 20% dos óbitos estão relacionados com a doença. Na faixa dos 75 ao 85, o índice sobe para 30%. E, após os 85 anos, atinge 35%.
Idosos com diabetes têm risco aumentado para síndromes geriátricas, como polifarmácia (uso de quatro ou mais medicamentos), déficit cognitivo, incontinência urinária, quedas e dor crônica. Vale ou não vale se precaver?

Descontrole e complicações

Quando o diabetes é negligenciado, pode deflagrar sérias complicações. Entre as principais decorrências do controle ineficiente estão: doença renal, retinopatia (cegueira, glaucoma e catarata) e má circulação nos membros inferiores, o que às vezes exige amputação, uma vez que a doença causa danos aos nervos dos pés.

E se o cigarro já é um mal, para o diabético ele potencializa os malefícios. Isso porque prejudica ainda mais a circulação sanguínea já comprometida. Alguns estudos também relacionam os baixos índices de vitamina D com o aparecimento de doenças, como o diabetes.

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Dia Mundial do Diabetes

Como mencionei, ele é celebrado no 14 de novembro e tem como objetivo alertar a população sobre os riscos da doença e apontar caminhos para a prevenção e o diagnóstico precoce.

Os riscos cardiovasculares derivados do diabetes fazem com que a SOCESP também abrace a campanha. Os pacientes precisam levar à sério o controle dessa doença, que reduz em até 20% o risco de um infarto ou AVC. Além disso, o início imediato do tratamento diminui danos ao sistema cardiovascular e ao corpo como um todo.

A American Diabetes Association (ADA) recomenda que indivíduos que apresentem excesso de peso e todos os adultos com idade acima de 45 anos realizem exames clínicos (de sangue) para diabetes no máximo a cada três anos. Idosos devem fazer esses testes com intervalos menores.

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A qualidade de vida, com dieta saudável e atividade física desde a infância, é o melhor caminho contra o diabetes. E vale lembrar que sempre é tempo de começar: mesmo para idosos que nunca praticaram, o início dos treinos na terceira idade traz excelentes ganhos, melhorando a massa muscular e diminuindo a fragilidade característica da faixa etária. É uma forma de criar um escudo natural contra esse e outros males.

*Ronaldo Fernandes Rosa é especialista em cardiologia e assessor científico da SOCESP

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