A pandemia silenciosa do diabetes
A epidemia do coronavírus é o centro das atenções hoje, mas outras doenças bem comuns também preocupam sem causar tanto alarde
O mundo virou do avesso com a pandemia do coronavírus. Estamos todos focados no aumento no número de casos e de mortes, no sofrimento das pessoas, nos efeitos do isolamento social e da quarentena.
Como não temos anticorpos contra o vírus, estamos vendo milhares de pessoas necessitando de hospital ao mesmo tempo, o que gera um colapso no sistema de saúde, mesmo em países mais ricos e estruturados.
Imagine o Brasil, que já era um país doente (em todos os sentidos) antes da pandemia de Covid-19. Como ficam as doenças crônicas, que já nos traziam sérios problemas para a sociedade?
Em paralelo aos casos de infecção por coronavírus, temos por aqui doenças que há bastante tempo nos assolam com seu alto índice de sofrimento e mortalidade. Segundo o 16º Boletim Epidemiológico publicado pelo Ministério da Saúde em 2019, o diabetes é a quarta causa de morte em homens e a terceira causa em mulheres — a doença promoveu mais de 48 mil óbitos só em 2017.
Vale lembrar, ainda, que o diabetes é fator de risco para mortes por infarto, AVC e alguns tipos de câncer. A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e a Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) nos alertam para uma queda de até 70% nos procedimentos cardíacos ao longo da pandemia. Estariam os pacientes deixando de procurar seus médicos? Ou negligenciando sintomas com medo de ir às unidades de saúde?
Um agravante nessa história é que pessoas com diabetes usualmente também têm pressão alta e colesterol elevado. Todos são quadros silenciosos, porém potencialmente letais — sobretudo quando combinados.
Para piorar, já sabemos que o descontrole dessas doenças, bem como do açúcar no sangue, podem favorecer as formas mais graves de Covid-19.
É por isso tudo que pessoas com problemas de saúde crônicos devem se isolar do coronavírus, mas não podem nem devem se isolar do tratamento médico regular. Isso significa tomar os medicamentos como o profissional prescreve e fazer os ajustes necessários no estilo de vida.
Já temos uma pandemia barulhenta. Não precisamos de outras pandemias silenciosas como a do diabetes.