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Vitamina B17 não trata câncer (nem é vitamina de verdade)

Corre pela internet o boato de que a tal vitamina B17 (ou amigdalina), presente em certos caroços, eliminaria tumores. Só que ela é um veneno

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 10 abr 2020, 09h02 - Publicado em 12 ago 2019, 12h25

Espalhou-se pelo WhatsApp a notícia de que o câncer é, na verdade, uma deficiência de vitamina B17. Portanto, bastaria suplementá-la para se prevenir contra tumores ou até para curá-los. Só que, para começo de conversa, a B17 sequer é uma vitamina.

Explicamos. As vitaminas do complexo B são a B1, B2, B3, B5, B6, B7, B9 e B12. Apesar do apelido que ganhou, a B17 é um composto semissintético chamado amigdalina. Ele é extraído do caroço de algumas frutas, a exemplo do pêssego e do damasco. E não existem evidências de que seja benéfico para a saúde – pelo contrário.

Ao processar essa molécula, o organismo produz cianeto, que é tóxico. “Isso é gravíssimo, porque não estamos falando de uma substância inofensiva, mas de algo que ameaça a vida das pessoas”, alerta Maria Del Pilar Estevez Diz, coordenadora de oncologia clínica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, o Icesp.

Além disso, a origem do câncer passa longe da deficiência de amigdalina. Você pode entender como essa doença surge em linhas gerais clicando aqui.

De onde veio a “vitamina B17”

Ela foi isolada pela primeira vez em 1830 e patenteada nos anos 1950 com o nome comercial de Laetrile, um suplemento que teria propriedades anticâncer. “Mas logo notou-se que a substância era degradada no sistema digestivo até virar cianeto”, conta Maria Del Pilar.

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Aliás, uma das versões da notícia falsa promete até uma versão injetável da suposta vitamina para driblar a formação do agente. “Mesmo se não houver essa toxicidade, o que não é comprovado, a teoria de que a amigdalina trataria o câncer em seres humanos não foi verificada em nenhum estudo clínico”, destaca a médica.

A bem da verdade, algumas pesquisas in vitro (feitas com células isoladas em laboratórios) até mostraram um certo potencial anticâncer. Mas a possibilidade de reações adversas graves é tamanha que fica difícil conduzir estudos com seres humanos.

E, sem esses experimentos, é impossível saber se a vitamina B17 funcionaria ou não. Infelizmente, a maioria das substâncias que exibem algum efeito positivo em testes laboratoriais ou com animais fracassa na hora que é aplicada em pesquisas maiores, com seres humanos.

Por que a amigdalina preocupa tanto

Sua ingestão pode provocar envenenamento agudo, com sintomas como sonolência, confusão mental, redução da frequência cardíaca, arritmias e insuficiência renal e hepática.

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“Já em doses pequenas, o risco é de intoxicação crônica, que leva a problemas sérios ao longo do tempo. Perda de visão e doenças no sistema nervoso estão entre eles”, aponta Maria Del Pilar.

Uma revisão de 2015 do Instituto Cochrane, organização global focada na avaliação de evidências científicas, afirma que os benefícios do Laetrile não foram comprovados em ensaios clínicos e detectou reações adversas graves por seu uso. O perigo é maior quando a amigdalina é tomada como pílula e acompanhada de vitamina C, que potencializa a toxicidade do composto.

O Laetrile é banido em boa parte dos Estados Unidos e em toda a Europa pelo potencial dano à saúde. Ainda dá para encontrá-lo à venda na internet, inclusive em sites brasileiros, mas o Ministério da Saúde já desmentiu sua eficácia e alertou contra os perigos da amigdalina em janeiro de 2019.

Ou seja, se receber uma notícia do tipo, não compartilhe e denuncie o material. Quando o assunto é câncer, não existe milagre e todo cuidado é pouco.

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