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Sexo, libido, ereção, prevenção de doenças… O bem-estar dos homens está na mira do urologista João Brunhara, diretor médico da Omens, plataforma que trata da saúde sexual masculina
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Por que o exame de próstata ainda é um tabu?

Especialista reflete sobre pensamentos e justificativas que continuam afastando o homem do médico e desse método essencial para resguardar a próstata

Por João Brunhara, urologista*
Atualizado em 11 out 2022, 15h03 - Publicado em 16 nov 2021, 10h58

A projeção é que mais de 65 mil homens recebam o diagnóstico de câncer de próstata no Brasil neste ano. Alguns, com mais sorte, encontrarão a doença numa fase inicial, com plenas chances de cura. Outros, porém, descobrirão o câncer num estágio mais avançado, e, ainda que possam manter a doença sob controle por vários anos, terão chances diminutas de cura.

Um fator determinante para o homem cair no grupo do diagnóstico em fase inicial ou em estágio avançado é a realização de exames periódicos capazes de detectar a doença precocemente. A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) recomenda que a avaliação individualizada seja feita a partir dos 50 anos para todos os homens — e aos 45 anos em indivíduos com histórico familiar da doença ou de raça negra.

Essa avaliação inclui a dosagem do PSA, um exame de sangue, e o toque retal, ainda tão temido por alguns homens. Devo esclarecer que o PSA é uma proteína (cuja sigla quer dizer antígeno prostático específico em inglês) que fica aumentada na circulação na presença de vários problemas na próstata: pode ser câncer, infecção ou mesmo o crescimento benigno da glândula.

Sendo assim, seu valor precisa ser interpretado junto com outros dados. Caso venha alterado, é comum solicitar outros exames, como ressonância ou mesmo biópsia. Por mais que seja um bom método para rastrear o tumor, cerca de 18% dos casos de câncer escapam do PSA e só são percebidos com o toque retal.

+ LEIA TAMBÉM: Os avanços no tratamento do câncer de próstata

E aí chegamos ao ponto de que os homens muitas vezes querem fugir: o exame de toque. Claro que o exame pode ser um pouco desconfortável fisicamente. Mas, veja, o médico usa lubrificação, anestésico local e todo o processo dura poucos segundos. Não causa dor e, havendo incômodo, ele está longe de ser insuportável.

Só que, em pleno século 21, ainda existe por aí o pensamento de que o toque violaria a masculinidade do paciente. Pensando friamente, é inacreditável que tenha gente atribuindo uma conotação sexual a um exame médico, feito com luva e ambiente asséptico, para uma breve inspeção dessa glândula.

E diga-se de passagem: assim como a próstata é acessada pelo toque, outros problemas de saúde corriqueiros demandam averiguação dessa forma, caso das hemorroidas. Isso sem falar na comparação com outros exames e outros contextos, como a colonoscopia para olhar o intestino e as avaliações ginecológicas de rotina, essas, sim, bem mais invasivas, tendo de recorrer inclusive à introdução de aparelhos na vagina.

Então por que o toque retal ainda é tabu para tanto marmanjo? Pois é, não deveria ser assim e, não por menos, precisamos continuar nosso trabalho de conscientização. Até porque, depois do exame, a maioria dos homens se surpreende pela rapidez e, se havia alguma dúvida, com a sua insignificância em termos de masculinidade.

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Por fim, alguns pacientes têm o receio de descobrir uma doença e ter de encarar um tratamento e eventuais consequências, como incontinência urinária ou impotência sexual — que, por sinal, no geral já afeta quase 40% dos brasileiros, segundo pesquisa do Datafolha.

Se por um lado é verdade que essas sequelas podem ocorrer com o tratamento, por outro, com o avanço das técnicas cirúrgicas e de outras terapias, as chances de evitar esses problemas são cada vez maiores. E outra: quanto mais precoce o estágio do tumor na hora do procedimento, melhores são os resultados tanto em relação à remissão da doença como ao risco de repercussões na função urinária e sexual.

Por qualquer prisma que a gente possa olhar, não há motivo para fugir dos exames da próstata. Com informação, o medo e o preconceito são absolutamente injustificáveis.

* João Brunhara é urologista, médico do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e diretor científico da Omens, plataforma que trata problemas de saúde sexual masculina

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