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O impacto da Covid-19 no tratamento da infertilidade

No mês de conscientização sobre o problema, médico discute o fardo da pandemia de coronavírus na realização de tratamentos para engravidar

Por Dr. Leonardo Seligra Lopes, urologista e especialista em medicina reprodutiva*
25 jun 2020, 18h59

Desde o início do ano vivemos um período de precauções, tensões e complicações com a pandemia do novo coronavírus, que, além da crise sanitária, envolve uma crise econômica e social. A América Latina hoje é o epicentro da pandemia, com situações epidemiológicas distintas dentro do mesmo país ou até dos mesmos estados. E, de fato, algumas pessoas são mais afetadas, direta ou indiretamente, pela Covid-19.

Entre os cidadãos que sofrem com o momento estão os casais com dificuldades para engravidar que buscavam algum tratamento ou a reprodução assistida e, em razão da pandemia, tiveram que cancelar ou postergar esse sonho. Em paralelo a isso, temos a questão da idade fértil da mulher, que pode interferir no resultado do tratamento.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a infertilidade afeta um a cada dez casais e compromete a qualidade de vida tanto feminina quanto masculina. Ela é definida quando um casal não alcança a gravidez espontânea com tentativas pelo período mínimo de um ano. Nesses casos, o casal pode buscar tratamentos que permitem alcançar o objetivo.

Junho é considerado o mês mundial de conscientização da infertilidade, o que nos faz lançar luz sobre a condição e as diversas causas que merecem ser investigadas e potencialmente tratadas nesse contexto. Mulheres e homens devem ser avaliados simultaneamente, pois, em até 30% dos casos, o fator masculino é isoladamente determinante para a dificuldade de gestação.

Diversos estudos correlacionam a infertilidade à piora na qualidade de vida e à diminuição da autoestima, da satisfação sexual e do bem-estar no casamento. Não só o diagnóstico do quadro, mas todo o processo do tratamento pode trazer consequências emocionais, inclusive ansiedade e depressão.

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A fertilização in vitro, por exemplo, engloba desde fatores clínicos — o preparo da mulher e o estímulo ovariano até se implantar o embrião — até questões psicológicas e financeiras. Tudo isso pode inclusive alterar os próprios resultados do tratamento.

Para complicar, pesquisas já mostram que a pandemia de Covid-19 aumenta o risco de transtornos mentais. O medo da doença, da perda de um ente querido, a instabilidade com a crise econômica e o isolamento social são capazes de influenciar o desencadeamento de ansiedade, depressão, entre outros sintomas e problemas.

É com esse cenário em mente que, desde março, e seguindo a recomendação de entidades internacionais, a Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e a Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH) orientaram a suspensão dos tratamentos, medida que contou com o apoio e a regulamentação da Anvisa.

Ainda que alguns experimentos tenham evidenciado a presença do vírus no esperma e no trato genitourinário, o risco de transmissão sexual do Sars-CoV-2 ainda é desconhecido. Até o momento, não houve relatos da presença do vírus no sistema reprodutivo feminino, nas secreções vaginais, no líquido amniótico ou no líquido peritoneal. Alguns raros casos de uma possível transmissão de mãe para filho foram descritos.

Porém, não podemos descuidar que, nas mulheres grávidas, surtos de doenças infecciosas representam alto risco para a mãe e o feto. As alterações mecânicas e fisiológicas da gravidez aumentam a suscetibilidade a infecções e, com isso, complicações na gestação. Somando isso às tantas incertezas quanto a transmissão, suscetibilidade e risco de evolução diferente em cada indivíduo, o adiamento dos tratamentos foi necessário para a proteção dos pacientes e das equipes de trabalho.

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Casos individuais devem ser discutidos com o médico assistente do casal, uma vez que existem situações especiais em que adiar o tratamento de infertilidade representaria prejuízo nas chances de futuras gestações. Apesar de estarmos, a exemplo de outros países, retomando as atividades de maneira progressiva, é bastante provável que ainda iremos conviver com a presença e os possíveis riscos desse novo vírus por um longo tempo.

Por isso, são fundamentais medidas de proteção que possam minimizar o risco de contágio e que permitam que os tratamentos possam retornar gradualmente e com segurança. Assim, mesmo em uma situação tão preocupante como a atual pandemia, podemos e devemos continuar a dar atenção aos outros problemas de saúde, como a infertilidade, que tanto se reflete na qualidade de vida de casais brasileiros.

* Dr. Leonardo Seligra Lopes é urologista e especialista em medicina Sexual e reprodutiva e diretor de comunicação da Sociedade Brasileira de Urologia – Seção São Paulo

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