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Eu tomei a vacina da Covid-19 porque confio na ciência

Médico conta sua experiência na hora da vacinação e reforça por que devemos ter medo do coronavírus, e não dos imunizantes contra ele

Por Geraldo Lorenzi Filho, pneumologista*
Atualizado em 9 mar 2021, 13h57 - Publicado em 22 jan 2021, 10h01

Tomei a primeira dose da vacina Coronavac faz poucos dias aqui no complexo do Hospital das Clínicas. Foi montado um esquema super organizado. Em menos de 15 minutos, peguei uma dessas filas de aeroporto que andava rápido, fui identificado em dois postos independentes, entreguei o meu termo de consentimento livre e esclarecido — onde declaro que entendi os potenciais riscos de um imunizante aprovado de maneira emergencial — e fui vacinado por uma enfermeira atenciosa e eficiente. Tive tempo até para tirar uma selfie. Coisa de primeiro mundo.

Tirando uma pequena dor no braço que durou algumas horas, semelhante à vacina contra a gripe que tomei o ano passado, não tive qualquer outro sintoma. E hoje o vírus inativado que foi injetado no meu corpo já deve estar estimulando algum tipo de reação imunológica.

Em três semanas, eu e outros servidores do complexo do Hospital das Clínicas tomaremos a segunda dose da vacina. Mas já sei de antemão que a vida pouco mudará em 2021. A vacinação não é um passe livre: terei que manter o uso de máscara e o distanciamento físico, mesmo porque o Brasil está atrasado nessa corrida, sendo improvável, para não dizer impossível, que toda a população seja imunizada nesse ano.

A vacina traz uma tranquilidade do ponto de vista pessoal, mas a pandemia é resultado do comportamento do grupo. Precisamos manter o exemplo e a disciplina, até porque sabemos que a eficácia da vacina não é perfeita. Ainda assim, essa conquista mereceria ser muito comemorada, como tem ocorrido na maior parte do planeta.

Infelizmente o Brasil vive uma bolha de desconfiança turbinada por informações desencontradas. Foram várias ondas de notícias falsas ou deturpadas. A primeira é a de que o vírus teria sido fabricado na China: fake.

A segunda, de que tudo isso é um exagero da mídia, e não passa de uma gripezinha: fake.

A terceira, de que existe tratamento precoce com medicamentos como cloroquina, invermectina e, mais recentemente, nitazoxanida. Essa foi uma esperança, mas propagar essa notícia com os estudos disponíveis atualmente é fake também.

A quarta onda é a de que a vacina seria perigosa, e que alteraria o seu código genético, ou quem sabe algo ainda pior. Essa mentira é especialmente absurda, e me espanta receber vários telefonemas diários de meus pacientes perguntando a minha opinião sobre o tema.

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Minha opinião é a mesma dos médicos do complexo do Hospital das Clínicas: todos foram para a fila receber suas doses. Eu me entristeço ao ver pessoas mais exaltadas dizendo que estamos nos vacinando como gado.

Se eu e você, caro leitor, estamos aqui hoje, foi certamente graças à ciência. Sem vacinas, alguém da nossa linhagem de ancestrais provavelmente teria sucumbido de poliomielite, tétano ou alguma outra doença infecciosa. É hora de deixar a medicina com os médicos e a ciência com os cientistas.

A lógica de falar menos e escutar mais é especialmente válida aqui. Pare de mandar adiante mensagens de origem desconhecida. Estamos todos no mesmo barco. A confrontação e a discórdia só trarão mais problemas. Os humanos funcionam em colaboração: se a comida chega na sua mesa, é porque existe uma cadeia imensa de indivíduos trabalhando para que isso aconteça. A vacina é fruto de um esforço de heróis anônimos que desenvolveram essa tecnologia há muito tempo, e se debruçaram agora para desenvolver produtos rapidamente.

No fim das contas, faça a seguinte reflexão: que país é esse que tem mais medo da vacina do que da doença?

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*Geraldo Lorenzi Filho é professor de Pneumologia da FMUSP e diretor do Laboratório do Sono do Incor

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