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Especialistas da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (Sboc) discutem a prevenção, o diagnóstico e o tratamento do câncer no nosso país
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Como o big data pode beneficiar os pacientes com câncer?

Prontuários eletrônicos trazem agilidade e eficiência nos atendimentos oncológicos, o que contribui para o diagnóstico precoce e o tratamento

Por Nivaldo Vieira, oncologista da SBOC*
3 out 2019, 15h09

Com o avanço da tecnologia, está cada vez mais fácil produzir e disseminar um grande volume de dados — também conhecido como big data. Mas o verdadeiro desafio consiste em analisar e transformar esses dados em informações úteis, a fim de encontrar melhores caminhos para resolver um problema. Mas de que forma isso pode trazer soluções médicas, inclusive para o tratamento de câncer?

As oportunidades são inúmeras, mas para essa revolução acontecer no Brasil, é preciso começar com passos pequenos. O primeiro é converter os prontuários manuais em eletrônicos, de forma uniformizada.

Existem diversos hospitais que já utilizam prontuários eletrônicos no nosso país. Contudo, não é possível cruzar essas informações, pois cada instituição segue um padrão. Pensando nisso, o Sistema Único de Saúde (SUS) está unificando dados dos pacientes atendidos pelo sistema público, que representam cerca de 75% da população brasileira. Após finalizar a implementação, a ideia é replicar a estratégia nos serviços privados.

Essa mudança facilitará, entre outras coisas, o cumprimento da Lei dos 60 Dias, que impõe um prazo máximo de dois meses para início do primeiro tratamento oncológico no SUS. O tempo começa a ser contado a partir da data da assinatura do laudo patológico, que confirma a presença de um tumor maligno.

Com um prontuário eletrônico e padronizado, bastará que o paciente dê entrada no serviço com suspeita de câncer e confirme a doença com uma biópsia para que o sistema faça o agendamento automático da próxima consulta o mais rapidamente possível. Hoje, o paciente precisa agendar cada passo dessas etapas, o que raramente é realizado em curto prazo, principalmente nos serviços do SUS.

Utilizar big data em conjunto com análise de dados também é uma excelente maneira de produzir conhecimento científico de qualidade. Um grupo de médicos nos Estados Unidos criou a iniciativa CancerLinQ, que reúne e disponibiliza dados sobre oncologia para que profissionais da saúde e pesquisadores tenham acesso a informações reais sobre atendimento de câncer, com o objetivo de produzir análises e conhecimento técnico.

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Implementar essa mudança envolve diversos desafios. Entre eles, estabelecer e disseminar os padrões de preenchimento dos prontuários; ter os equipamentos necessários para a coleta e transmissão de dados em todos os postos de atendimento do SUS; vencer a questão cultural de como os prontuários são feitos hoje e ainda garantir a segurança das informações dos pacientes.

É importante esclarecer que o histórico médico de uma pessoa não pode ser acessado por ninguém a não ser por ela própria ou a quem esse indivíduo confiar sua saúde. Um médico ou hospital só consegue visualizar esses dados com autorização.

Na medicina, tudo envolve uma concessão do paciente. É ele quem conta o que está sentindo e é ele quem pede ajuda. Conhecer os benefícios de ter dados acessíveis, atualizados e uniformizados é o caminho para que a população apoie essa iniciativa.

Esse sistema modernizado irá possibilitar que o cenário oncológico do Brasil seja avaliado com maior precisão, o que permitirá entender a realidade de cada cidade para pensar em soluções específicas e regionalizadas.

Medicina digital e conectada

A Estônia é o único país que possui 100% dos prontuários médicos da população em blockchain — sistema que permite rastrear o envio e recebimento de informações pela internet, com mais segurança e transparência. Isso significa que todo o cidadão de lá detém os próprios dados médicos desde o nascimento, sem depender de nenhum intermediário para acessar seu histórico.

Com o blockchain, em vez de concentrar tudo em um único lugar, os bancos de dados são gerenciados de forma compartilhada com várias máquinas, cada uma com uma cópia do conteúdo. São códigos que carregam informações conectadas — como blocos de dados que formam uma corrente, o que originou a palavra em inglês.

O prontuário eletrônico que está com a implementação em andamento no Brasil está vinculado a uma instituição (como o sistema do SUS, de um hospital ou clínica médica). Já os prontuários em blockchain são ligados ao paciente. O cidadão tem um registro geral de seu histórico médico na nuvem.

Não há dúvida que é muito mais simples aplicar esse método na Estônia, um pequeno país com 1,3 milhão de habitantes e apenas 45 mil quilômetros quadrados de extensão (metade do território de Santa Catarina).

Para o Brasil, o registro unificado em blockchain é um desafio para o futuro. Primeiro é preciso que todos os registros sejam padronizados, eletrônicos e em rede.

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*Dr. Nivaldo Vieira é oncologista da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC)

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