Um dos principais temores associados ao parto normal é a intensidade da dor que ele causará. Pois uma pesquisa de mestrado apresentada na Faculdade de Enfermagem da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no interior paulista, mostrou que deixar a sala de parto com pouca iluminação é uma boa estratégia para aliviar o sofrimento das mulheres.
Segundo Michelle Gonçalves da Silva, obstetra responsável pela investigação, estudos indicam que a luminosidade ativa o neocórtex, região associada ao raciocínio e à inteligência. “Na hora do parto, é preciso que ocorra justamente o contrário: desativar o neocórtex e ativar o córtex primal, ou seja, aquele do lado animal, para que a gestante consiga expulsar o bebê”, completou a pesquisadora em entrevista para o Jornal da Unicamp.
Para chegar a essa conclusão, a expert filmou 95 mulheres durante e depois do parto. Elas foram divididas em dois grupos: uma parte ficou em um ambiente com luzes acesas e a outra teve o bebê com as luzes apagadas (a única iluminação era voltada para o períneo da gestante). Mesmo na penumbra, os equipamentos de filmagem captavam com exatidão as imagens, que então passavam por um sistema de codificação para estabelecer as emoções na hora do parto.
A enfermeira notou que, quando há luz, parece mais difícil para a mulher entrar em contato com esse lado primitivo, essencial para trazer o bebê ao mundo – possivelmente porque ela se sente vigiada. “Para nossa grande felicidade, em ambos os grupos foi interessante perceber que, após o nascimento, 100% das mulheres exprimiram alegria, por mais dificultoso e sofrido que tenha sido o parto”, revelou.