Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

O novo retrato do autismo

Em livro, bióloga autista reabre o debate sobre o distúrbio, que abrange pessoas com deficiência intelectual severa até outras com traços de genialidade

Por André Bernardo (colaborador)
Atualizado em 2 abr 2019, 09h58 - Publicado em 25 dez 2015, 10h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Da hora em que acorda ao momento em que vai dormir, Temple Grandin não para quieta. Ph.D. em zootecnia, ela dá aula na Universidade Estadual do Colorado, nos Estados Unidos, visita fazendas, presta consultoria ao governo, faz palestras e escreve livros — o mais famoso, a autobiografia Uma Menina Estranha, que já virou filme. Quase não sobra tempo para essa mulher de 68 anos, que revolucionou a forma de tratar animais de abate a fim de diminuir o sofrimento deles, lembrar que é autista. “O autismo é parte do que sou, mas não deixo que ele me defina”, afirma Temple em sua nova obra, O Cérebro Autista — Pensando Através do Espectro (Ed. Record).

    A cientista faz parte dos 70 milhões de pessoas que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), vivem com essa condição. Ou melhor, fazem parte do transtorno do espectro autista (TEA). Desde 2013, quando foi lançado o último Manual Diagnóstico e Estatístico de Distúrbios Mentais da Associação Americana de Psiquiatria, o DSM-5, a classificação do autismo mudou. Antes ele era dividido em cinco categorias, como síndrome de Asperger e outras de nome cabeludo. Hoje, é uma coisa só, com diferentes graus de funcionalidade. “O espectro agrupa desde um quadro mais leve, ou alta funcionalidade, com inteligência acima da média, a casos em que há retardo mental, a baixa funcionalidade”, disseca Marisa Furia Silva, presidente da Associação Brasileira de Autismo (ABRA).

    Os critérios de diagnóstico também mudaram. A dificuldade de domínio da linguagem saiu de cena e, atualmente, os traços de distinção incluem inabilidade para interagir socialmente e comportamento restritivo e repetitivo. As alterações propostas pela DSM-5, contudo, não agradam Temple. Segundo ela, os parâmetros atuais são “vagos” e “confusos”. “Em uma ponta temos autistas gravemente incapacitados, que não conseguem nem falar. Na outra, um Albert Einstein ou um Steve Jobs. Já imaginou colocar todos na mesma sala de aula?”, provoca.

    No Brasil, a situação dessas pessoas pode ser considerada alarmante. Quem assegura é o psiquiatra Estevão Vadasz, coordenador do Projeto Autismo do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. “Há cerca de 2 milhões de autistas no país. Desses, 95% estão completamente desassistidos, nem diagnóstico têm”, acusa. Para piorar, a lei que garante a eles os mesmos direitos de outros indivíduos com alguma deficiência ainda não saiu do papel. Tem mais: nem todo profissional está apto a diagnosticar o transtorno, tampouco lidar com ele.

    Como um manual médico divide o autismo

    O critério atual se baseia na funcionalidade — a capacidade de realizar atividades simples e desenvolver o intelecto

    Continua após a publicidade

    E como uma autista divide os autistas

    A americana Temple Grandin prefere defini-los por afinidades e padrões de pensamento. São três tipos:

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY
    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês

    ou
    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 10,99/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.