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Diabete: é o fim da picada

Nova tecnologia dispensa sangue para medir a glicose e chega ao Brasil com a perspectiva de aposentar os aparelhinhos convencionais.

Por Alexandre de Santi (colaborador)
Atualizado em 9 out 2017, 13h32 - Publicado em 22 jun 2015, 10h17
Daniela Toviansky
Daniela Toviansky (/)
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Um sensor do tamanho de uma moeda de 1 real, grudado na parte de trás do braço, mede a glicemia por meio de uma microagulha flexível e indolor, quase tão fina quanto um fio de cabelo. Esse é o dispositivo que promete revolucionar o jeito de monitorar o diabete. Com previsão de chegada ao país no primeiro trimestre de 2016, o FreeStyle Libre System, da americana Abbott, é a tecnologia mais palpável entre as alternativas que estão em desenvolvimento para aliviar a rotina de quem precisa ficar de olho vivo nos níveis de açúcar no sangue. Alívio, no caso, significa acabar com as picadas no dedo.

Minuto a minuto

A todo minuto, o sensor colhe logo abaixo da pele dados do líquido intersticial, fluido que fica em contato com as células. As informações são armazenadas em um chip e, depois, transmitidas por rede sem fio para um monitor portátil, onde são visualizadas. Ele funciona assim ao longo de 14 dias – e não precisa tirá-lo para tomar banho ou dormir. “Além de oferecer alta precisão sem impor desconfortos, o produto faz um monitoramento constante e reúne informações fundamentais para o médico debater com o paciente, como o ajuste dos remédios”, elogia o endocrinologista Márcio Krakauer, coordenador do Departamento de Novas Tecnologias da Sociedade Brasileira de Diabetes.

Mais adesão ao tratamento

Manter a glicemia sob controle é o grande desafio do diabético e o que determina se ele conseguirá se livrar das complicações da doença. Mas o incômodo de furar a ponta dos dedos repetidas vezes ao dia com os glicosímetros atuais faz muita gente abrir mão do monitoramento na frequência exigida, comprometendo o próprio tratamento. Para ter ideia, os clínicos estimam que mais da metade dos diabéticos não realiza esse acompanhamento direito. O sensor subcutâneo promete driblar essa resistência e ainda ajudar aqueles indivíduos mais esquecidos.

O que empolga mesmo os profissionais, porém, é a capacidade de o dispositivo aglutinar diversos dados sobre o sobe e desce da glicemia. “Ao aproximar o monitor do sensor, você obtém três informações importantes: a medição da glicose naquele instante, o histórico nas últimas oito horas e um indicativo de para onde essa curva irá”, explica Sandro Rodrigues, gerente da divisão de diabete da Abbott Brasil.

Sem dor

Não se espante com o termo microagulha que apareceu aí atrás. O sensor é colado em uma porção do braço que é também a região do corpo com menos terminações nervosas. É por isso que 80% dos usuários não relatam nenhum incômodo durante a instalação, feita por um aplicador similar a um carimbo. Passadas as duas semanas de validade, um novo sensor deve ser adquirido e colocado de preferência no outro braço para evitar possíveis irritações. Nenhuma outra perfuração é necessária porque o produto já vem devidamente calibrado.

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Autorizado pela Anvisa

O produto da Abbott já tem autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, e aguarda a licença da Agência Nacional de Telecomunicações, a Anatel, porque usa rede sem fio. Embora não tenha contraindicações, a tecnologia não está liberada para gestantes e crianças porque ainda faltam estudos com essas populações. A confiança no dispositivo foi comprovada nas pesquisas para validar seu registro: sua precisão é 10% superior à dos aparatos que se valem das picadas.

Na Europa, onde foi lançado simultaneamente em sete países no final de 2014, o kit com o sensor e o monitor de leitura custa cerca de 59 euros (o que dá cerca de 200 reais). O usuário compra apenas uma vez o leitor. Só é preciso pagar por um leitor novo a cada 14 dias. A procura por lá foi tão expressiva que o produto anda em falta. No Brasil, o preço não foi definido, mas Abbott prevê que o gasto em relação aos glicosímetros não será muito maior. Um diabético que faz cinco medições diárias, por exemplo, despende por mês em torno de 315 reais com o método tradicional. Com o FreeStyle, gastaria uns 380 reais para comprar dois sensores subcutâneos (28 dias de uso) – isso se o aparelho chegar ao Brasil com preço equivalente ao da Europa.

 

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