Para combater os males da mente, os médicos costumam receitar remédios como os ansiolíticos, que barram a ansiedade e ajudam a tratar certos tipos de depressão. O perigo é o exagero na hora de recomendar esse tipo de tratamento: entre 2006 e 2010, a venda dos famosos tarja preta aumentou 36% no Brasil. “A população está mais estressada, mas isso não significa que haja necessidade de prescrever mais ansiolíticos”, pondera o psicobiólogo Ricardo Tabach, da Universidade Federal de São Paulo. “Só que o próprio paciente costuma pedir o remédio como solução para todos os problemas”, lamenta Freire.
Como alternativa para esse uso excessivo, que pode causar sérios efeitos colaterais e até dependência, alguns apontam para os fitoterápicos, que são feitos com plantas e agem de forma semelhante às drogas sintéticas. Quem nunca ouviu o conselho de tomar chá de camomila para se acalmar? A sabedoria popular indica há tempos algumas ervas como saída para o estresse.
Entenda os fitoterápicos
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No entanto, vale esclarecer uma confusão corriqueira. “Os fitoterápicos, como todo medicamento, passam por uma série de pesquisas para comprovar sua eficácia. Já as plantas medicinais podem ser usadas de outras maneiras, no preparo de chás”, diferencia o professor de farmacologia Hudson Canabrava, da Universidade Federal de Uberlândia, em Minas Gerais. E nem todos os remédios naturais já caíram nas graças dos cientistas. É preciso conhecê-los bem antes de correr até a farmácia fitoterápica mais próxima.
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Na hora de comprar fitoterápicos, procure ficar atento ao rótulo do produto. Nele, há o número de registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa. “Para ser registrado, o remédio deve passar por testes que comprovam sua eficácia, segurança e qualidade”, esclarece Mônica Soares, especialista em regulação de fitoterápicos da Anvisa.
Os tratamentos
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O trio passiflora, valeriana e erva-de-são-joão é bastante utilizado pela indústria farmacêutica em fórmulas que tratam casos de depressão leve a moderada. “As três plantas contêm substâncias que atuam nos neurônios e diminuem a atividade do sistema nervoso, relaxando o indivíduo”, explica Ricardo Tabach. “A principal vantagem em relação ao ansiolítico é o fato de a concentração dos princípios ativos ser menor e misturada a outros compostos, o que abaixa o risco de efeitos colaterais e dependência”, expõe o doutor em farmacologia João Batista Calixto, pesquisador da Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis.
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“Os resultados do tratamento à base de fitoterápicos demoram mais para aparecer, mas seus efeitos adversos são muito menos agressivos”, completa Hudson Canabrava. Se as crises não são graves, os chás podem ser uma aposta certeira. “Os princípios ativos estão presentes de maneira mais branda, o que reduz a probabilidade de complicações”, atesta Tabach. Busque comprá-los em farmácias de confiança e conferir no rótulo o nome científico da planta.
E, mesmo sendo de origem natural, os fitoterápicos devem ser consumidos com cautela. Um dos principais perigos é a interação medicamentosa, que pode anular ou até potencializar drogas que estejam sendo tomadas paralelamente. “As plantas possuem milhares de substâncias químicas capazes de reagir de maneira indesejada com medicamentos alopáticos comuns. A passiflora, por exemplo, que é um calmante suave, causa sonolência excessiva se combinada com outros remédios”, adverte Canabrava. Não caia no engano de pensar que as plantas são inofensivas. A orientação médica é indispensável. Sempre.
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5 plantas que tranquilizam – e têm o aval da ciência!
1. Melissa: também conhecida como erva-cidreira, tem óleos essenciais que acalmam levemente
Formas de consumo: seu chá é o mais popular
2. Camomila (Matricaria recutita): esse tipo de camomila tem efeito calmante
Formas de consumo: é bastante difundida. Suas folhas e flores são empregadas em infusões
3. Erva-de-são-joão (Hypericum perforatum): é a mais eficiente para combater a depressão
Formas de consumo: usada na produção de medicamentos, ela só pode ser comprada com receita médica
4. Passiflora (Passiflora incarnata): essa espécie de maracujá ajuda a controlar crises de ansiedade e depressão
Formas de consumo: além de chás, seu princípio ativo entra na fórmula de alguns medicamentos
5. Valeriana (Valeriana officinalis): suas propriedades são extraídas da raiz. Melhora o sono
Formas de consumo: é usada na produção de fitoterápicos e em chás e infusões, apesar do gosto amargo