Bioestimuladores de colágeno: entenda o hype entre os influencers
Resultados dependem do organismo de cada paciente. Conheça as substâncias utilizadas e seus efeitos

O processo de envelhecimento naturalmente provoca a redução da principal proteína responsável pela sustentação da pele, o colágeno. Como resultado, a pele fica mais fina, deixando aparentes linhas e rugas.
Para combater esses efeitos, os bioestimuladores de colágeno ganharam popularidade no mercado de procedimentos estéticos por ajudarem a devolver o volume facial perdido com os anos.
Mas a falta de informação sobre essas substâncias dificulta a compreensão de pacientes sobre resultados possíveis e eventuais efeitos adversos.
+Leia também: Procedimentos estéticos: beleza precisa caminhar sempre junto à saúde
Nenhuma substância é infalível e as respostas a cada tratamento são muito individuais. Conheça mais sobre os procedimentos:
Quais são os bioestimuladores de colágeno mais usados
Atualmente, há quatro bioestimuladores mais utilizados, cada um com diferentes composições, efeitos e durabilidades:
- ácido poli-l-láctico (PLLA)
- hidroxiapatita de cálcio (CaHA)
- policaprolactona (PCL)
- polometilmetacrilato (PMMA)
Todos agem de modo a promover uma resposta inflamatória para formar novo colágeno. Ou seja: o resultado depende do organismo do próprio paciente.
O PLLA e a PCL são polímeros sintéticos. O primeiro é produzido a partir da fermentação do açúcar proveniente do milho e a segunda é biodegradável, mas pode ser feita a partir do petróleo e de outros compostos.
Já a CaHA é uma substância produzida naturalmente no corpo humano, encontrada em dentes e ossos.
Essas composições fazem com que PLLA, hidroxiapatita e policaprolactona sejam considerados bioestimuladores semi-permanentes que podem ser absorvidos pelo organismo. Por outro lado, o PMMA é uma substância plástica conhecida popularmente como “acrílico”, que não é absorvida.
Como eles funcionam
O mecanismo de ação é similar: injeta-se uma combinação de um gel com microesferas do bioestimulador selecionado. Essas partículas geram uma resposta inflamatória – ao redor, forma-se uma cápsula que aumenta a deposição de fibras de colágeno e a espessura da pele.
A mudança é perceptível imediatamente, mas desaparece após um breve período no qual o gel condutor é absorvido. O período pode variar de cerca de 3 dias, no caso do PLLA, até 3 meses no caso da CaHA.
Os resultados de longo prazo se desenvolvem após o processo inflamatório, podendo permanecer por períodos de apenas 12 meses ou até 4 anos, dependendo de fatores como idade, sexo, alimentação, características da pele e estrutura óssea, além da própria substância injetada.
Não se recomenda a aplicação junto a outros tratamentos preenchedores e em locais como os lábios, ao redor da boca, ao redor dos olhos, entre as sobrancelhas e nas pálpebras.
Após a aplicação, os efeitos adversos mais comuns são leves, como hematomas relacionados às injeções, e devem desaparecer em até 15 dias. No entanto, é preciso cuidado com reações que duram mais tempo, ou aplicações em lugares mais delicados. Dependendo da parte do rosto, por exemplo, agravamentos mais severos incluem eventos isquêmicos oculares que podem levar à perda de visão.
Erros técnicos e aplicações incorretas podem levar a outros episódios com problemas que incluem problemas vasculares e necrose. Procure ajuda médica imediatamente em caso de qualquer situação inesperada.
Atenção aos perigos do PMMA
O polimetilmetacrilato, mais conhecido como PMMA, é diferente dos outros bioestimuladores: ele é classificado como permanente e não biodegradável. Associado a múltiplos casos de deformações e mortes provocados pela má aplicação, o PMMA não é recomendado para fins estéticos pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
No começo de 2025, o Conselho Federal de Medicina pediu à Anvisa a proibição da fabricação, comercialização e uso do produto no Brasil.
Ainda assim, o PMMA segue a ser utilizado para preenchimento de lábios, rosto e glúteos. E, nas últimas décadas, também passou a ser usado como bioestimulador de colágeno, aumentando os riscos de aplicações incorretas.
+Leia também: PMMA: o que é e quais são os riscos da substância usada em preenchimentos
Outros cuidados com a aplicação de bioestimuladores
O Brasil é o segundo país que mais realiza procedimentos estéticos no mundo, de acordo com a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS, na sigla em inglês), ficando atrás apenas dos Estados Unidos.
Na procura por métodos para driblar as marcas naturais do envelhecimento, é importante estar ciente sobre os riscos e benefícios das aplicações de bioestimuladores, pois todos eles podem gerar efeitos adversos.
Antes da aplicação, é preciso certificar-se que o profissional escolhido é médico ou está habilitado para realizar o procedimento.
O profissional que realizará a injeção deve ser bem treinado e ter familiaridade com as especificidades de cada tratamento, já que aplicações incorretas estão entre os principais perigos de complicações. Após o uso, é essencial realizar o acompanhamento contínuo com o médico que realizou o procedimento.