Embora a intolerância à lactose seja quase sempre apontada como culpada, sintomas como inchaços e dores abdominais podem ter como causa uma proteína. “A digestão do leite dá origem à beta-caseína dos tipos A1 e A2, ou ambos, de acordo com o DNA da vaca”, explica Marcos Vinicius Barbosa da Silva, pesquisador da Embrapa Gado de Leite. “No caso da A1, ela não é bem digerida e provoca o mal-estar”, completa.
Os produtores têm sido orientados, então, a rastrear o gado, separando os animais com vocação para produzir mais proteínas A2. Algumas empresas já fazem isso no Brasil, entre elas a Letti, uma das pioneiras na produção de leite, iogurte e queijos que são uma opção para quem sofre de perrengues digestivos relacionados à proteína — e não à lactose.
Antes de cortar o leite da dieta por conta própria, dá para investigar a intolerância com exames de sangue. É possível apelar também para uma contagem da concentração de hidrogênio expirado, gás que resulta da fermentação da lactose no intestino. Testes de alergia, por sua vez, ajudam a flagrar se o problema vem de uma reação à proteína do leite.
Não é pra todo mundo
O Departamento Científico de Alergia Alimentar da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai) divulgou uma nota em que se posiciona contra o uso do tal leite A2 para pacientes diagnosticados com alergia ao leite, por causa do risco de reações potencialmente graves.
Segundo o informativo, a exclusão de uma das frações proteicas não torna o leite automaticamente hipoalergênico. Logo, ele não está indicado para pacientes com hipersensibilidade ao leite de vaca.
“Processos de ultrafiltração e superaquecimento não são capazes de reduzir a alergenicidade completa do alimento. Além disso, o paciente alérgico é geralmente sensibilizado a múltiplas proteínas e não a uma fração isolada”, reforça a nota.