Apesar de o ovo ter passado por altos e baixos que arranharam sua reputação, já faz um tempo que a ciência demonstrou que seus teores elevados de colesterol – o grande motivo de apedrejamento – não se revertem em malefício dentro do corpo. Hoje se sabe que apenas um terço do colesterol da dieta é realmente absorvido. Para completar, há até suspeitas de que o ovo desempenhe um papel protetor diante do coração. É que, em um estudo, o consumo do alimento foi ligado a um aumento nos níveis de colesterol HDL, aquele bom para as artérias.
Outra medida que afasta o risco de doenças cardiovasculares é manter o peso adequado. E até nisso o ovo pode dar uma mãozinha, já que sacia bastante. Essa característica pode ser explicada pela quantidade expressiva de proteína encontrada no alimento – que, diga-se de passagem, é de alta qualidade. Agora, para ele realmente auxiliar no emagrecimento é necessário ter alguns cuidados, como usar pouco óleo no preparo e evitar acompanhamentos gordos, a exemplo de bacon e presunto.
Bem, vamos retornar às proteínas. Elas estão principalmente na clara do ovo e são ótimos substratos para a musculatura. O principal nome desse grupo é a albumina. Para que ela seja mais bem aproveitada, o ideal é consumir a clara logo após o treino, porque é nesse período que ocorre a degradação e a formação dos músculos.
Nem pense em descartar a gema do ovo. Ela é um importante reservatório de colina. Lá no cérebro, essa vitamina tem a nobre tarefa de contribuir para o processamento e armazenagem de lembranças. Tudo porque ela é precursora de um neurotransmissor conhecido como acetilcolina, intimamente envolvido com a nossa memória – sabe-se que portadores de Alzheimer possuem uma menor concentração elemento. Para ter ideia, a necessidade diária de colina é de 425 miligramas para mulheres e 550 para homens. Apenas uma gema de ovo já contribui com 238 miligramas da substância.
Mais um motivo para colocar a gema para dentro do corpo: ela esbanja duas substâncias prestigiadíssimas quando o assunto é saúde ocular. Ou seja, a luteína e a zeaxantina. Não precisa decorar esses nomes. Basta saber que são dois antioxidantes capazes de se acumular na retina. É esse tecido, localizado no fundo dos olhos, que converte as imagens em impulsos lidos pelo cérebro. Estudos já evidenciaram que colocar o ovo na rotina pode ser uma alternativa – bem apetitosa – para reduzir o risco de degeneração da mácula, a porção da retina e responsável pela captação dos detalhes.
Agora, ainda que a tendência seja absolver o colesterol vindo da dieta, quem já convive com altas taxas dessa molécula no sangue deve verificar com o médico qual a quantidade de ovo permitida por semana. Como acontece com qualquer alimento, abusos não são bem-vindos.
Modos de preparos
Cru
Cuidado com a gemada. Para afastar o risco de contaminação pela bactéria salmonela, o Ministério da Agricultura sugere consumir só ovo cozido. Claro que vale incluí-lo em receitas que depois serão submetidas a altas temperaturas, como tortas, bolos e suflês.
Cozido
É ótimo porque assegura o cozimento completo da gema e da clara. Fora que não exige o uso de óleo. Para quem prefere o ovo com a gema mole, o segredo é cozinhar por seis minutos. Quer uma gema durinha? Nesse caso, são sete minutos na água. Cai muito bem na salada.
Frito
Evite-o se estiver em restaurantes. Nesses locais, o óleo é reutilizado excessivamente, o que deixa a comida mais gordurosa. Em casa, recorra ao óleo de canola. Só um pinguinho dá conta. O ovo frito pode substituir a carne vermelha e o frango vez ou outra.
Mexido/ omelete
Demandam pouco óleo, ainda mais se usar panelas antiaderentes. Para tirar proveito do poder de saciedade do ovo, faça um mexido no café da manhã. A omelete, perfeita para refeições principais, pode ser turbinada com legumes, queijos magros e temperos naturais.
Pochê
Para preparar, é só levar a água ao fogo com vinagre e um pouco de sal. Quando estiver fervente, faça uma espécie de rodamoinho e, no meio, coloque o ovo quebrado. Leve, essa receita serve para começar o dia com energia ou terminá-lo com chave de ouro.
Dentro da casca
A clara abriga muita água e doses fartas de proteínas. Elas entregam ao nosso corpo todos os aminoácidos necessários para o pleno funcionamento do corpo, exatamente como as celebradas proteínas do leite e da carne vermelha. Já a gema reúne as gorduras do ovo. Mas nada de desperdiçá-la! Lá estão a colina, a luteína e a zeaxantina, substâncias excelentes para a saúde.
Quer conferir a validade do ovo?
Coloque-o em um copo cheio de água. Se ele boiar, há grandes chances de não estar apto para consumo. É que, conforme o tempo passa, trocas gasosas ocorrem através dos poros da casca. E existe uma câmara de ar na parte mais arredondada do alimento. À medida que essa área fica cheia de gás, o ovo vai se estragando e se torna mais leve – daí porque flutua.