Revista em Casa: Assine a partir de R$ 10,99

Por um regime de ideias e modismos

Edição de maio de VEJA SAÚDE debate a nova dieta do momento, a anti-inflamatória. O que tem de ciência por trás dela?

Por Diogo Sponchiato Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
19 Maio 2023, 14h19
ilustração de cartela de comprimidos com comidas dentro
Dietas são vendidas como alternativas a tratamentos com remédios, algo sem respaldo por estudos.  (Ilustração: Eugenio Medeiros/SAÚDE é Vital)
Continua após publicidade

Se você espiar o dicionário, vai notar que o verbete “dieta” tem duas acepções principais: o tipo de alimentação de um indivíduo, grupo ou povo; ou um plano nutricional prescrito por um profissional para dar conta de alguma queixa ou necessidade do paciente.

Mas, quando a gente depara com esse termo na internet e no noticiário, imagino que o primeiro significado que vem à cabeça é o de um programa sob medida para emagrecer ou se libertar de problemas de saúde.

O que faz sentido, não fosse a aura de varinha mágica que as dietas ganharam nos últimos anos — ou seriam décadas?

A palavra se revestiu de uma carga simbólica que atrai cliques, olhares e bolsos, ao mesmo tempo que é solenemente criticada por cientistas, médicos e nutricionistas preocupados com as falsas promessas embutidas nela.

Talvez tenhamos, nós da mídia, que expressar um mea culpa, por usar e abusar durante bastante tempo de dietas como iscas para fisgar e cativar a audiência.

O fato é que, na feira livre das redes sociais, as prescrições alimentares continuam atraindo fãs. E se reciclam. Viralizam. Afinal, nada se perde, tudo se transforma.

Continua após a publicidade

O mercado das dietas é dos mais resilientes, pois todo mundo come e, se possível, quer fazer da comida um passaporte para uma vida mais feliz e saudável.

Não é de hoje que se nutre tal pensamento. É atribuída a Hipócrates, o pai da medicina ocidental, a célebre frase: “Que seu alimento seja seu remédio”. Lá se vão mais de 2 mil anos em que ecoamos essa ideia feito sentença.

E ela tem um fundo de verdade. Mas, com o conhecimento adquirido até a segunda década do século 21, não dá mais para levá-la completamente a ferro e fogo.

Como sintetiza uma das especialistas entrevistadas na reportagem de capa sobre a dieta anti-inflamatória, a bola da vez nos consultórios e na internet: “As pessoas estão confundindo alimentos com medicamentos”.

Continua após a publicidade

Só que cada um tem sua função — comida é mais gostosa que remédio; e remédio faz coisas que nenhuma comida é capaz de fazer.

O problema é que tem gente (com diploma e tudo, inclusive) divulgando e comercializando cardápios como receita infalível para controlar e até curar doenças.

Profissionais e influenciadores professando que é bobagem tomar as drogas criadas por uma gananciosa indústria farmacêutica como se os menus, suplementos, cursos e vídeos que eles prescrevem não lhes dessem lucros.

E o pior: para vender o peixe (pobre peixe, inocente nessa história), distorcem conceitos e achados científicos a fim de pescar clientes loucos para ter um quinhão a mais de saúde.

Continua após a publicidade

Passou da hora de virar essa mesa. Do contrário, só nos resta dizer: pobre dieta, tão longe do dicionário e tão perto dos influencers e das redes sociais.

+ LEIA TAMBÉM: Pode ou não pode, nutri? Uma reflexão sobre escolhas à mesa

Prescrições do editor

Para quem gosta de investigações sobre o mundo e a mente

Império da Dor
Autor: Patrick Radden Keefe
Tradução: Bruno Casotti e Natalie Gerhardt Editora: Intrínseca
Páginas: 544

Um trabalho de detetive que desvenda como uma família e sua farmacêutica desataram a trágica epidemia de vício em opioides nos Estados Unidos, um mal que começou a ser exportado. 

Continua após a publicidade

Último Olhar
Autor: Miguel Sousa Tavares
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 272

Um romance assinado por um escritor português sobre como a pandemia e outras catástrofes, caso da Segunda Guerra, transformaram o jeito de lidar com os outros e com a própria finitude.

Continua após a publicidade

Ciência Suja Podcast
Episódio: A Rede Antivacina
Duração: 68 min
Onde ouvir: Spotify e outros

O podcast que apura fraudes e crimes envolvendo ciência e pseudociência mostra como um movimento antivacina ganhou voz e dinheiro em nosso país.

Compartilhe essa matéria via:

 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 9,90/mês*
OFERTA RELÂMPAGO

Revista em Casa + Digital Completo

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
A partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a R$ 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.