Com uma tecnologia batizada de aquicultura celular, a startup Sustineri Piscis, fundada pelo biólogo marinho Marcelo Szpilman, pretende oferecer ao mercado filés de peixe sem abate animal.
“O cultivo celular de pescados é um caminho sustentável e escalável para o consumo desse alimento”, afirma o cientista.
De fato, relatórios indicam que já não é mais possível aumentar a quantidade de peixes capturados na natureza e mesmo os criadouros possuem limitações.
No laboratório, teoricamente, daria para elevar a produção de acordo com a demanda crescente. “Além disso, não há risco de intoxicação por metais pesados nem geração de resíduos descartados, como espinhas, escamas e cabeça”, explica Szpilman.
Para que essa carne seja criada através de células, é necessário uma máquina que possibilite sua reprodução ideal e em grande quantidade. Nesse caos, a Sustineri Piscis usa um biorreator ta Eppendorf.
“Ele é o responsável por multiplicar a quantidade de células e originar a massa proteica que vai originar o filé. Mas esse processo é complexo, dentro do biorreator se controla tudo para que a célula tenha as melhores condições de desenvolvimento”, explica Henrique Coelho de Oliveira, gerente de vendas e aplicação LATAM, Bioprocessos.
No momento, a empresa já possui a matéria-prima para fabricar carnes de cinco espécies: garoupa-verdadeira, cherne, robalo, linguado e tainha — as duas primeiras ameaçadas de extinção.
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Da célula ao pescado
Entenda como funciona a técnica de cultivo celular para criar filés de peixe
Captura de células
O peixe de verdade só é necessário uma vez, para obter células- -tronco dele. Cultivadas, elas servem como fonte para a linhagem que virará a carne.
Purificação
Após a obtenção das células, os pesquisadores definem os melhores nutrientes e condições de crescimento e armazenamento para a matéria-prima.
Expansão
Dentro de biorreatores, as células são alimentadas para se multiplicarem e formarem a biomassa proteica que dará origem ao filé de peixe.
Estruturação
Um filé não é só a massa proteica, ele possui forma e textura únicos. E a startup está justamente nessa fase de desenvolvimento do futuro alimento.
A startup trabalha para lançar a primeira linha de peixes em 2025 — ninguém ainda fez isso no mundo.
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O desafio da pesca
A grande maioria dos peixes consumidos hoje está em declínio na natureza devido a fatores como poluição de mares e rios, aquecimento global e pesca ilegal, que não respeita o período de reprodução das espécies.
Criadouros de peixes são uma das formas de contornar essa questão, mas também estão sujeitos à contaminação por substâncias químicas e podem causar danos ambientais. Apesar disso, a demanda por pescados só tende a aumentar.