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Gordura trans será banida no Brasil

Resolução da Anvisa determina que indústria diminua gradativamente o uso de gordura hidrogenada. Em 2023, ela será eliminada dos alimentos processados

Por Maria Tereza Santos
18 dez 2019, 16h20
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  • A Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou recentemente a proposta que visa eliminar a gordura trans, associada a vários problemas de saúde, em produtos industrializados. A nova resolução prevê a diminuição gradativa do seu uso pela indústria e por serviços de alimentação (restaurantes, padarias…), chegando ao banimento em 2023.

    Atualmente, não há um limite estabelecido para essa gordura, também chamada de hidrogenada. E um estudo do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) alerta que alguns itens tidos como “zero trans” na verdade carregam a substância.

    Esse processo acontecerá em três fases. A primeira consiste em limitar sua presença na produção de óleos refinados — aqueles utilizados para frituras, feitos à base de soja, girassol, canola. As empresas têm 18 meses para se adequar. A restrição, portanto, deve entrar em vigor em 1º de julho de 2021.

    A partir daí, a delimitação se estenderá à comida processada em geral, comercializada no varejo e atacado. Nesse momento, a regra ainda não valerá para itens usados exclusivamente como matéria-prima para fins industriais.

    Por fim, a última fase prevê a exclusão do ingrediente em todos os industrializados. Isso ocorrerá a partir do 1º de janeiro de 2023.

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    Além disso, a área de Alimentos da Anvisa sugeriu a adoção de medidas regulatórias complementares. Uma é elaborar guias sobre as opções tecnológicas disponíveis que substituem a gordura trans na produção das comidas. Esses manuais orientariam os fabricantes.

    De acordo com Alessandra Bastos, diretora da Anvisa e relatora da proposta, esses posicionamentos foram amplamente discutidos, inclusive com relação ao prazo necessário para o setor se adequar às novas normas.

    Por que Anvisa quer proibir a gordura trans

    Há três tipos de gordura: a insaturada, conhecida como “gordura boa”; a saturada, que até pode beneficiar o organismo quando consumida com bastante moderação; e a trans, que não é recomendada em nenhuma situação.

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    Entre outras coisas, ela aumenta os níveis de colesterol LDL e baixa os de HDL, levando ao entupimento das artérias e, consequentemente, a problemas cardiovasculares. Vale lembrar que, em 2016, essa foi a causa de quase metade das 34,4 milhões de mortes por doenças crônicas não transmissíveis no mundo.

    A gordura trans é encontrada em quantidades mínimas nas carnes de animais ruminantes e seus derivados. Mas a grande preocupação é a versão criada em laboratório (a hidrogenada, como dissemos antes). Ela serve para dar textura e crocância a guloseimas, como biscoitos, salgadinhos e bolos prontos.

    De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), não mais do que 1% das nossas calorias diárias poderiam vir da gordura trans. Em uma dieta de 2 mil calorias, daria para ingerir apenas 2,2 gramas do nutriente, por exemplo.

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    O Brasil não é o primeiro país a implementar uma medida de banimento do ingrediente. Esse posto pertence à Dinamarca, que o restringiu no ano de 2003. Em 2018, foi a vez dos Estados Unidos.

    “Não só no Brasil, mas no mundo todo, é de conhecimento dos profissionais de saúde o risco que ela representa e sua associação com doenças cardiovasculares”, afirma Alessandra Bastos, em comunicado à imprensa.

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