Uma pesquisa brasileira apontou que o gengibre (Zingiber officinale) pode diminuir a glicemia em pacientes com diabetes tipo 2. “Ele interage com diferentes vias moleculares envolvidas na doença”, afirma a enfermeira Gerdane Celene Nunes Carvalho, autora da tese de doutorado da qual a pesquisa foi extraída*.
Para chegar a essa conclusão, foi feito um experimento clínico no Piauí com 103 portadores dessa doença. Durante três meses, parte dos participantes ingeriu diariamente duas cápsulas de gengibre em pó (1,2 g), enquanto o restante ficou só no placebo. Esse foi um estudo duplo-cego — nem os voluntários nem os pesquisadores sabiam quem estava engolindo as cápsulas com gengibre, o que confere mais confiança para os resultados.
Ao final, percebeu-se que os diabéticos que tomaram as cápsulas de gengibre tiveram uma redução de 20,3 mg/dl a mais na glicemia de jejum. Houve ainda uma diminuição dos níveis de hemoglobina glicada e colesterol total, porém de forma menos significativa.
“Os dados reforçam que o gengibre pode ser utilizado como uma terapia complementar”, pontua Gerdane, que atualmente é professora da Universidade Estadual do Piauí. Ou seja, a ingestão não substitui o tratamento convencional. Eventuais mudanças na prescrição até podem acontece, mas somente após uma consulta com o médico e uma avaliação criteriosa dos índices de glicose.
De acordo com a especialista, se o paciente seguir as recomendações já consolidadas contra o diabetes — que incluem alimentação saudável e exercício, aliás —, o gengibre aumentaria as chances de normalizar as taxas glicêmicas. “A contribuição mais relevante dessa pesquisa é evidenciar que essa especiaria tem potencial como uma fitoterapia adjuvante no tratamento, especialmente por ser de fácil acesso e baixo custo”, complementa.
Mas como o gengibre traria esses benefícios? “Seus componentes aumentam a produção da insulina e a redução da resistência a ela. Também diminuem o estresse oxidativo e o acúmulo de gordura”, elenca Gerdane.
Atenção: o estudo utilizou comprimidos com extrato de gengibre. Isso é bem diferente de consumir a especiaria in natura. No mais, outras investigações precisam ser conduzidas para corroborar os resultados do levantamento brasileiro.
* O ensaio faz parte da tese de doutorado da pesquisadora Gerdane Celene Nunes Carvalho, defendida na Universidade Federal do Ceará, orientada pela professora doutora Maria Coelho Damasceno e financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).