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É mito que o açúcar dá disposição, segundo estudo

Na verdade, os carboidratos em geral podem até gerar cansaço em vez de trazer ânimo. A afirmação vem de uma revisão de mais de 30 pesquisas

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 9 out 2019, 18h31 - Publicado em 18 abr 2019, 12h38
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  • Você já deve ter ouvido que o carboidrato dá um prazer especial ou que um brigadeiro ajuda a acordar depois do almoço. Pois um novo artigo científico acaba de desafiar essa ideia, indicando que o nutriente não melhora a disposição por si só – e pode até piorá-la.

    Pesquisadores de várias instituições europeias revisaram 31 estudos anteriores que avaliaram o estado do humor de 1 259 indivíduos logo após consumirem essa substância.

    E, aqui, cabe uma ponderação: carboidrato não é sinônimo de açúcar. O açúcar de mesa – ou o que é adicionado aos produtos industrializados – é um tipo de carboidrato. Portanto, o levantamento não se concentrou apenas no açúcar.

    De qualquer forma, nenhum efeito positivo relevante foi identificado na disposição ou na concentração logo após a ingestão de alimentos ricos em carboidrato. Por outro lado, houve sensação de fadiga e queda no estado de alerta em até uma hora.

    “A ideia de que o açúcar influencia no ânimo é popular. Tanto que muitas pessoas tomam bebidas açucaradas para combater o cansaço”, afirma Konstantinos Mantantzis, psicólogo que liderou o levantamento, da Universidade Humboldt, na Alemanha. “Nossos achados indicam que essa alegação não se sustenta. Se o açúcar pode causar algo, é fazer você se sentir pior depois de consumi-lo”, completa, em comunicado à imprensa.

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    A esperança desse especialista e de seus companheiros é que seus esforços reduzam a popularidade do açúcar. E, especialmente, das bebidas cheias desse ingrediente, como refrigerantes e energéticos.

    De onde surgiu essa história?

    No passado, certos estudos com animais e seres humanos sugeriam que a ingestão de carboidrato melhorava a concentração e o desempenho cognitivo para tarefas complicadas.

    A explicação biológica afirmava que o açúcar estimulava a produção de neurotransmissores relacionados ao bem-estar, especialmente a serotonina. Contudo, a revisão europeia questiona esses mecanismos, apontando que os efeitos mais robustos foram observados em experimentos com carboidrato puro. Ou seja, os voluntários (e as cobaias) estariam recebendo um concentrado do nutriente – e não um alimento que o contém.

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    No texto do artigo, os autores argumentam que, em uma comida qualquer, um teor de proteínas tão pequeno quanto 5%, por exemplo, já sabota o efeito do açúcar na produção de serotonina. Somente as proteínas do leite condensado do brigadeiro seriam suficientes para neutralizar essa ação animadora dentro do cérebro, portanto.

    Acima disso, mais de 20 outras pesquisas citadas na revisão refutam a ideia de que mesmo itens que praticamente só concentram carboidrato dão disposição. Ponto negativo para o refrigerante, para citar um caso.

    Agora, por que algumas pessoas relatam que, depois de saborear um doce, ficam mais ativas? Talvez seja a própria crença de que, ao comer açúcar, o corpo ganha uma dose de energia – seria uma espécie de placebo. Tanto que alguns dos trabalhos analisados indicam que esse gás extra é mais relatado entre 15 e 45 minutos depois do consumo.

    Claro que as fontes de carboidrato não precisam ser riscadas da dieta. Inclusive, elas têm seu papel no organismo. Só não pense nos docinhos como uma forma de recarregar as baterias de uma hora para outra. É melhor degustá-los pelo prazer, e não para atingir um objetivo inalcançável, segundo a revisão.

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