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Brasileiros consomem quase o dobro do sal recomendado por dia

Estudo feito pela Fiocruz com amostras de sangue e urina de milhares de indivíduos confirma tendência nacional de exagerar no sódio

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 12 mar 2020, 12h27 - Publicado em 2 dez 2019, 18h28
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  • A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que o consumo de sal não ultrapasse 5 gramas por dia — ou 2 gramas de sódio, mineral que compõe o sal. Só que o brasileiro ingere quase o dobro disso: em média 9,34 gramas, como aponta um novo levantamento feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

    O trabalho levou em conta amostras de sangue e urina de cerca de 9 mil adultos, colhidos como parte da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) entre 2013 e 2014. É a primeira vez que uma análise com material biológico de um número tão significativo de pessoas foi conduzida no Brasil.

    Os dados sugerem que três quartos da população engolem mais de 8 gramas de sal por dia. Quem mais exagera são os homens e os jovens. Só 2,39% dos voluntários apresentaram níveis inferiores aos 5 gramas diários preconizados pela OMS — geralmente mulheres e indivíduos mais velhos.

    Além da investigação de biomarcadores, a PNS aplicou um questionário nos voluntários. E menos de 15% classificaram o próprio consumo como alto. Ou seja, estamos abusando desse ingrediente, tanto em receitas como em produtos industrializados, sem nem saber disso.

    Hipertensão, um problema de saúde pública

    Quase 30 milhões de brasileiros têm hipertensão, um problema intimamente ligado ao saleiro.

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    “A diminuição no consumo de sal é considerada hoje uma das intervenções de melhor custo-efetividade contra as doenças crônicas não transmissíveis no país, sobretudo pela possibilidade de diminuir a pressão arterial da população”, declarou em comunicado Célia Landmann Szwarcwald, coordenadora técnica da pesquisa.

    Disparidades sociais

    O artigo da Fiocruz notou ainda que indivíduos com alto grau de escolaridade tendiam a abusar menos do sal. Pessoas brancas e com maior renda e nível educacional também comeram mais frutas, legumes e verduras.

    Paradoxalmente, elas ingeriram mais doces e trocaram mais refeições por sanduíches, salgados ou pizzas.

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    Doenças renais em alta, segundo a pesquisa

    Por meio da dosagem da creatinina e da taxa de filtração glomerular, o mesmo trabalho identificou quatro vezes mais casos de disfunções nos rins do que as pesquisas anteriores.

    Os autores sugerem a existência de um subdiagnóstico da doença renal crônica. Detalhe: esse problema pode ser tanto consequência como causa da hipertensão. Mais uma razão para maneirar no sódio.

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