Bacupari, a frutinha brasileira que é rica em compostos anti-inflamatórios
Alvo de estudos, planta brasileira pode servir de matéria-prima para medicações no futuro

Pequeno, alaranjado e de sabor azedo, o bacupari é comum nos biomas Amazônico e Mata Atlântica. Essa frutinha, também conhecida como bacoparé, nasce no Brasil de duas espécies de plantas: a Garcinia gardneriana e a Garciana brasiliensis, conforme os nomes científicos.
Existem ainda outras espécies, nativas da Ásia e da África. Por aqui, as árvores podem crescer como arbustos ou chegar a dimensões maiores, indo até 15 metros de altura. Por isso, a madeira dessa planta é cobiçada para uso na construção civil.
Mas o bacupari realmente brilha quando observado pela ciência: sua variedade de compostos bioativos chama a atenção de pesquisadores. Hoje, as substâncias do bacupari são investigadas pelo seu potencial antioxidante, antifúngico, anticancerígeno e antimicrobiano – e essas são apenas algumas das suas propriedades.
Quais os benefícios do bacupari para a saúde?
Na medicina tradicional, o chá das folhas do bacupari era usado para tratar feridas e até disenteria. Parte dos achados científicos confirma esses efeitos da planta: o bacupari funciona como anti-inflamatório. Testes em ratos atestaram uma diminuição da inflamação nos bichinhos com insuficiência cardíaca a partir do uso do extrato da planta.
A ação analgésica dos extratos do bacupari também foi demonstrada neste tipo de estudo, que é considerado preliminar.
Outra propriedade interessante da frutinha brasileira é combater protozoários, como aqueles que causam a leishmaniose. Também em laboratório, cientistas ainda encontraram evidências de que substâncias presentes no bacupari podem atuar contra os vermes causadores da esquistossomose.
O bacupari é rico em compostos antioxidantes, que ajudam a combater o estresse oxidativo associado a doenças crônicas e envelhecimento precoce. E os efeitos da planta não param por aí: a atividade anti-cancerígena da planta brasileira foi demonstrada em um estudo de laboratório, com um modelo de células com glioblastoma.
É importante destacar que, infelizmente, ainda não existem estudos comprovando esses vários benefícios para humanos. As pesquisas são realizadas com modelos de células desenvolvidos em laboratório ou com animais, como ratos. Vai ser preciso esperar mais tempo para ver o bacupari servindo de matéria-prima de medicações.
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Versátil à mesa
Além de poder ser apreciado in natura, o bacupari é ingrediente para vinhos e outros fermentados. O sabor azedo e adocicado faz da fruta ótima opção para compotas, geleias e licores. Dá para preparar sucos e vitaminas, ou usar o bacupari como acompanhamento para saladas.
As duas espécies nativas do Brasil são muito parecidas e compartilham algumas propriedades. Uma das diferenças entre elas é que somente a espécie Garcinia brasiliensis gera flores perfumadas.