Livro traz provocações sobre nossa relação com os animais
Ensaios do escritor John Berger questionam cultura simbolizada por zoológicos e bichos de estimação
A história mostra que, à medida que a humanidade se urbanizou, os animais selvagens e domésticos tornaram-se cada vez mais distantes (quando não extintos).
Daí que passamos a ressignificar a relação e o contato com eles por meio de zoológicos, bichos de pelúcia e, mais recentemente, produções para TV e pets, que, diferentemente das criaturas da fazenda, ocupariam uma função mais emocional do que pragmática na rotina humana.
É cutucando essas ideias de progresso (?) e a mudança do nosso relacionamento com o reino animal que o escritor inglês John Berger (1926-2017) escreveu, a partir dos anos 1970, os textos reunidos em Por Que Olhar para os Animais?, da Editora Fósforo (clique para ver e comprar).
Afinal, como eles nos enxergam e nós passamos a enxergá-los? São particularmente instigantes dois ensaios, o que dá título ao livro e O Teatro dos Grandes Primatas: neles, o autor discute o ambíguo papel dos zoológicos modernos e a visão dos bichos como bens que estariam aí para confortar nossa espécie.
Por que olhar para os animais?
Autor: John Berger
Editora: Fósforo
Páginas: 104
Para pensar…
Prisão ou preservação?
A versão moderna dos zoológicos surgiu para exibir espécies exóticas em países que expandiam suas colônias. Até hoje eles geram debates por privar os bichos do ambiente e estilo de vida naturais.
Mera companhia?
A concepção atual do animal de estimação remete a criaturas que servem acima de tudo para entreter o olhar e o dia a dia do homem. Mas será que eles também são felizes assim?