Os tiques, movimentos involuntários, rápidos e recorrentes, costumam aparecer na infância, mais ou menos entre os 4 e 6 anos de idade. Na maioria das vezes, a condição some naturalmente até o fim da adolescência. Porém, em aproximadamente 20% dos casos, o problema persiste na vida adulta – e é aí que mora o perigo. Pesquisadores suecos apontaram que esse grupo está quatro vezes mais propenso a tentar tirar a própria vida.
Feito com 7 736 pacientes, o estudo, do Instituto Karolinska, é o maior até hoje com portadores da desordem. Dados desses participantes foram comparados aos de 77 360 pessoas da população geral. E aí que está: mesmo considerando outros distúrbios psiquiátricos eventualmente presentes em indivíduos com tique, a manifestação dessa encrenca seguiu como um fator de risco para o suicídio.
O levantamento chama a atenção para a gravidade do transtorno, frequentemente enxergado como uma mania sem muita relevância. John Krystal, editor do periódico científico Biological Psychiatry, que publicou o trabalho sueco, comenta: “As ameaças do tique foram minimizados pela mídia, que retrata os indivíduos de um jeito cômico e caricato”.
Segundo os cientistas, esse trabalho ajuda a elaborar estratégias com o propósito de evitar consequências fatais da disfunção. Os dados também vão guiar os profissionais na identificação e monitoramento dos pacientes com comportamento suicida. Da nossa parte, convém desfazer estigmas e apoiar as pessoas com tique.