Dissociação: saiba o que é e como identificar
Amnésia, despersonalização, transe e fuga são alguns dos principais sintomas da condição, que pode ser tratada com medicamentos e psicoterapia
A dissociação é um fenômeno da psicopatologia, que se caracteriza por uma desconexão temporária das ações psíquicas ou motoras de um indivíduo. Em outras palavras, trata-se de uma interrupção na forma como a mente lida com as informações.
Além de causar um sentimento de desconexão, essa condição pode afetar o senso de identidade e a percepção temporal. O quadro geralmente é resultado de um trauma ou de uma rotina estressante e exige tratamento multiprofissional. Dependendo da sua gravidade, pode estar atrelado a transtornos dissociativos.
Qual é a diferença entre transtorno dissociativo e dissociação?
Embora sejam frequentemente confundidos, esses dois quadros não são iguais. A dissociação se manifesta em episódios isolados e é muito comum, podendo acometer qualquer pessoa.
Já os transtornos dissociativos são mais intensos e recorrentes, causando malefícios significativos. Responsáveis por afastar o indivíduo da realidade, eles afetam principalmente a continuidade entre pensamentos, memórias e ações. Há diferentes tipos, entre eles:
Transtorno de despersonalização: é caracterizado pelo sentimento de estar fora do próprio corpo;
Transtorno de desrealização: compreende a sensação de que o mundo não é real, como se estivesse em um sonho;
Amnésia dissociativa: ocorre de repente e pode durar apenas minutos ou horas, ou, em casos raros, meses ou anos. Você pode esquecer experiências traumáticas ou informações básicas sobre sua vida.
Transtorno dissociativo de identidade: também conhecido como transtorno de personalidade múltipla, traz a sensação de que outras pessoas estão vivendo dentro da sua mente e interferindo no seu senso de identidade.
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O que causa a dissociação?
Para muitas pessoas, a dissociação é uma resposta natural a um evento traumático. Nesses casos, a condição é chamada de dissociação peritraumática e consiste em uma estratégia mental de proteção do impacto gerado pela experiência perturbadora.
Uma rotina com picos de estresse, medo e ansiedade também podem ser agravantes para o fenômeno. Afinal, esses sentimentos costumam impulsionar crises que desbloqueiam circuitos mentais e desencadeiam hábitos repetitivos. Além disso, existem alguns medicamentos que podem levar a episódios dissociativos.
Quais são os sintomas?
A sensação de desconexão consigo mesmo e com o mundo ao redor é um dos sintomas mais característicos da dissociação, mas não é o único. Além de apresentar confusão, o indivíduo pode não se reconhecer no próprio corpo ou acreditar que é outra pessoa.
Em alguns casos, ainda há um sentimento de estar fora da realidade. Amnésia temporária, dificuldade para lembrar das coisas e andar sem rumo são outros sinais comuns.
E os tratamentos?
A dissociação exige um tratamento multidisciplinar, que combina o uso de remédios com a psicoterapia. O primeiro passo é consultar um médico psiquiatra para confirmar o diagnóstico. O profissional deverá avaliar os sintomas e as possíveis causas ou agravantes.
As próximas etapas variam de acordo com a gravidade da condição, mas geralmente incluem a realização de terapia cognitivo-comportamental, que ajuda a elaborar os traumas e minimizar os sintomas. A inserção de hábitos saudáveis na rotina também é fundamental, assim como o suporte de amigos e familiares.
Além disso, podem ser prescritos medicamentos — incluindo antidepressivos, ansiolíticos e soníferos — para reduzir as comorbidades associadas ao quadro. Embora não ataquem especificamente a dissociação, eles ajudam a diminuir a ansiedade e aliviar o estresse.