Alimentação pobre em fibras e rica em gordura, sedentarismo, obesidade, tabagismo, doenças inflamatórias… Todos esses fatores já foram associados a um maior risco de câncer colorretal. Agora, uma pesquisa da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, acrescenta outro inimigo à lista: os antibióticos.
Os especialistas analisaram aproximadamente 16 500 mulheres com mais de 60 anos. Todas já tinham feito colonoscopia pelo menos uma vez entre 2004 e 2010. Desse total, 1 195 apresentaram adenomas. Essas pequenas lesões, também conhecidas como pólipos, são tumores benignos que precedem a maioria dos casos de câncer de intestino.
Com todos esses dados em mãos, os estudiosos notaram que as participantes que usaram antibióticos por dois ou mais meses entre 20 e 40 anos de idade tinham um risco 36% maior de apresentar os tais adenomas. Entre as voluntárias de 40 a 60 anos e com o mesmo tempo de uso desses remédios, a probabilidade de ter os pólipos subia para 69%.
Para definir o real tamanho do problema, os especialistas afirmam que precisam conduzir investigações mais detalhadas. Mas eles já têm alguns palpites para explicar essa relação. Os antibióticos, feitos para atacar as bactérias, acabam alterando a microbiota intestinal, composta por micro-organismos importantes para a manutenção da saúde. E tais mudanças favoreceriam o aparecimento de tumores malignos.
Não custa lembrar que, quando usados em excesso, esses medicamentos ainda contribuiriam para o desenvolvimento das superbactérias, que matam mais de 700 mil pessoas todo ano. Mas, de novo: não é a utilização dos antibióticos em si que promove encrencas. A questão é o exagero e uso desregrado, que costumam ocorrer especialmente quando não há orientação médica adequada.