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Uma cirurgia menos radical contra o câncer de colo de útero

Mulheres com esse tipo de tumor podem se beneficiar de uma intervenção que preserva mais seu corpo sem diminuir as chances sucesso

Por Ana Luísa Moraes
Atualizado em 3 mar 2020, 19h20 - Publicado em 2 ago 2017, 17h04
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 (Bruno Marçal/SAÚDE é Vital)
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A cirurgia mais comum para tratar o câncer de colo de útero se chama histerectomia radical. Ela consiste na retirada do útero e de seu colo, da parte superior da vagina, dos linfonodos e do paramétrio, membrana que liga o útero à bacia. A justificativa para remover tantos tecidos é a de diminuir o risco de uma parte escondida do tumor seguir no corpo. Mas, de acordo com um novo estudo do A.C.Camargo Cancer Center, em São Paulo, o procedimento não seria necessário para todas as pacientes.

Os pesquisadores afirmam que, em alguns casos, a remoção do paramétrio não confere proteção extra, mas origina transtornos. “O ureter, que conecta os rins à bexiga, passa por ali e precisa ser separado para remoção do tecido”, explica Glauco Baiocchi Neto, cirurgião oncologista e um dos autores da avaliação, em comunicado. “A área também contém nervos que vão para a bexiga e o reto. Ao danificá-los, pode haver retenção de urina ou urgência para urinar, além de perda de lubrificação vaginal e alterações no funcionamento do intestino”, conta.

Com isso em mente, os experts analisaram 340 voluntárias submetidas à tradicional histerectomia radical — todas operadas entre 1990 e 2016. A meta era checar, por meio de exames e da história clínica de cada uma, as situações em que uma cirurgia menos drástica, que preserva o tal paramétrio, seria igualmente segura.

Resultado: mulheres com tumores de até dois centímetros, sem comprometimento dos gânglios linfáticos e sem invasão vascular linfática (quando as células malignas acessam a corrente sanguínea) têm risco praticamente zero de danos no paramétrio provocados pela doença. Cerca de 30% das pacientes investigadas cumpriam esses parâmetros.

As evidências encontradas precisam de reforços, mas apontam um caminho menos agressivo ao sexo feminino. É bem possível que, no médio prazo, cirurgiões oncológicos tendam a preservar mais o corpo feminino atingido por um câncer de colo de útero — como já ocorre com o de mama em vários cenários. “Acredito que é apenas uma questão de tempo para que se tenha um novo paradigma no tratamento cirúrgico do tumor de colo de útero em estágios iniciais”, conclui Neto.

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