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Um teste que prevê se pessoa com Covid-19 precisa ser hospitalizada?

Estudo encontra moléculas no sangue que indicam uma maior gravidade do coronavírus. No futuro, isso pode ser usado para antecipar casos mais críticos

Por Karina Toledo, da Agência Fapesp*
Atualizado em 27 out 2020, 18h56 - Publicado em 27 out 2020, 18h54

Uma metodologia desenvolvida por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) permite prever, com um simples exame de sangue, o risco de um paciente diagnosticado com Covid-19 vir a desenvolver complicações e precisar ser hospitalizado.

A técnica consiste em analisar o conjunto de proteínas presentes no plasma sanguíneo para descobrir se corresponde a um padrão classificado pelos autores como de “alto risco”. Os detalhes do trabalho, que contou com apoio da Fapesp, foram divulgados na plataforma medRxiv, em artigo ainda sem revisão por pares.

“Nós identificamos um grupo de moléculas cujo nível está significativamente mais elevado em pacientes com a forma grave da Covid-19, com destaque para as proteínas SAA1 e a SAA2. Nossa proposta é que essa análise do plasma seja feita assim que a pessoa tiver o diagnóstico confirmado pelo teste de RT-PCR. E, caso ela apresente o perfil de alto risco, o médico já poderia adotar uma conduta mais direcionada”, diz à Agência Fapesp Giuseppe Palmisano, professor do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB-USP) e coordenador do projeto.

O pesquisador ressalta, porém, que ainda é preciso confirmar o poder prognóstico do método e sua real utilidade clínica em estudos com grupos maiores de pacientes do Brasil e do exterior. As conclusões apresentadas no artigo estão baseadas em análises feitas com amostras de 117 pacientes com coronavírus atendidos no Instituto do Coração (InCor), em São Paulo.

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Os voluntários que tiveram amostras incluídas no estudo foram pareados por idade, sexo e comorbidades (doenças associadas, como diabetes, obesidade ou hipertensão), para que os resultados fossem comparáveis.

Para identificar o conjunto de proteínas existente nas amostras, os especialistas usaram um equipamento chamado de espectrômetro de massas do tipo MALDI-TOF  – ele é relativamente comum nos hospitais brasileiros e usado em análises de microbiologia. “Trata-se de uma tecnologia barata e que já está presente na clínica. Poderia, portanto, ter rápida aplicação no prognóstico da Covid-19”, avalia Palmisano. “Com esse equipamento é possível fazer a análise do perfil de proteínas em menos de meia hora. Além disso, é possível automatizar o processo e avaliar amostras de vários indivíduos ao mesmo tempo”, completa.

Apoio da inteligência artificial

Seis diferentes algoritmos de aprendizagem de máquinas foram usados para determinar o padrão de proteínas plasmáticas correspondente a pacientes de alto e de baixo risco. Os pesquisadores usaram 88 das 117 amostras para treinar o software a identificar quais  pertenciam a indivíduos hospitalizados (alto risco) e quais eram de pessoas que apresentavam apenas sintomas leves no momento da coleta (baixo risco).

As outras 29 amostras foram usadas em um teste cego para validar o método, ou seja, para confirmar se o programa estava fazendo a avaliação corretamente. Ao final, a metodologia apresentou 93,1% de acurácia.

Além de validar o teste em um número maior de amostras, Palmisano acredita ser importante estudar como o nível dessas proteínas inflamatórias evolui ao longo da infecção. “Uma das coisas que pretendemos entender é se a concentração dessas moléculas diminui nos pacientes que conseguem lidar com a doença e se recuperar”, diz.

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*Este conteúdo foi produzido pela Agência Fapesp.

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