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Um exame de sangue que detectaria precocemente diferentes tipos de câncer

Cientistas desenvolvem um teste sanguíneo para diagnosticar tumores no início, quando a chance de cura é mais alta. E os primeiros resultados animaram

Por Maria Tereza Santos
14 nov 2018, 14h26
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  • Pense em um exame de sangue que pode detectar precocemente o câncer. Mais: em uma única coleta, você já se preveniria contra diferentes tipos de tumor, alguns dos quais até hoje não contam com esquemas de rastreamento eficazes.

    Pois esse é o potencial de um método desenvolvido por instituições canadenses, americanas e francesas. E tem dedo brasileiro nessa história: o trabalho é chefiado pelo imunologista Daniel de Carvalho, do Princess Margaret Cancer Centre.

    Então vamos aos detalhes dessa promessa. Atualmente, já é possível confirmar o diagnóstico de um ou outro tipo de câncer e acompanhar suas evoluções com exames de sangue batizados de biópsias líquidas. Essa técnica basicamente analisa pedacinhos microscópicos da doença (DNA tumoral, fragmentos de células…) que se desprenderam e caíram na circulação.

    No momento, ela é utilizada no Brasil para monitorar determinados casos de câncer de pulmão, enquanto, nos Estados Unidos, também já foi aprovada para câncer de mama, intestino e próstata. No entanto, repare que a biópsia líquida atual ajuda a confirmar os resultados de exames feitos anteriormente e vigiar o desenvolvimento da enfermidade – não detectá-la nos primeiros passos.

    Por quê? Segundo Daniel de Carvalho, fazer o diagnóstico precoce por meio de exames de sangue é como encontrar uma agulha no palheiro. Ora, é necessário reconhecer uma mutação em trechos minúsculos de DNA tumoral entre bilhões de moléculas circulando no sangue.

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    “Isso é especialmente difícil nos estágios iniciais, quando a quantidade de material genético do câncer no sangue é mínima”, justifica o especialista, em comunicado à imprensa.

    A sacada e os resultados

    Em vez de rastrear as mutações do DNA tumoral, os cientistas mapearam outras alterações genéticas típicas da doença (as alterações epigenéticas). A partir de sistemas de inteligência artificial, conseguiram reconhecer milhares de modificações específicas para cada tipo de câncer.

    “Essa estratégia basicamente transforma o problema de ‘uma agulha no palheiro’ em ‘milhares de agulhas no palheiro’. O computador precisa apenas encontrar algumas para identificar a doença”, explica Carvalho.

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    Com esse ajuste, os pesquisadores compararam amostras de sangue de 300 pacientes em tratamento para sete tipos diferentes de tumor (colorretal, pâncreas, rins, pulmão, mama, bexiga e leucemia) com a de indivíduos saudáveis.

    Para a alegria de todos, esse teste foi altamente eficaz no diagnóstico precoce. Ele, aliás, conseguiu acusar onde o câncer estava escondido – não adianta muito saber que você tem o problema se não sabe exatamente onde ele está para tratá-lo.

    O próximo passo é avaliar o método em maiores bancos de dados, que envolvam ainda mais tipos de câncer. E, depois, realizar estudos clínicos, com foco na detecção precoce.

    Se tudo der certo, estaremos diante de uma revolução no diagnóstico dessa doença. E, consequentemente, as taxas de cura ao redor do mundo poderão subir ainda mais.

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