Antes de tudo, é importante destacar que ter ovários policísticos não é sinônimo de sofrer com a síndrome do ovário policístico (SOP) e seus sintomas. Essa diferença também altera o tratamento.
Veja: 20% das mulheres, ao fazerem um ultrassom, apresentam vários cistos no ovário. No entanto, a síndrome em si só é diagnosticada se há aumento de hormônios masculinos no corpo da mulher e um período menstrual irregular.
Acredite: em alguns casos a paciente pode ter SOP e não apresentar vários cistos no ovário! Vamos, então, à definição do problema.
O que é SOP
O diagnóstico é definido quando pelo menos dois dos três critérios a seguir estão presentes: aumento da produção de hormônios masculinos, anovulação (período menstrual irregular) e exames de imagem com ovário policístico.
Isso, claro, desde que outras doenças que cursam com sintomas parecidos sejam descartadas.
A SOP em si atinge de 5 a 10% das mulheres em idade reprodutiva. Ela costuma surgir quando a hipófise, a glândula que regula a produção hormonal, acaba estimulando a liberação em excesso de andrógenos, os hormônios masculinos.
Com isso, o amadurecimento dos óvulos, processo que ocorre todo mês, é comprometido. Quando a célula reprodutiva feminina não se desenvolve como deveria, vira um folículo enrijecido, que fica preso na região. É o famoso cisto no ovário.
Portanto, aglomeração de cistos – em conjunto com o excesso de hormônios masculinos – pode impedir a formação de óvulos saudáveis e, consequentemente, alterar ou interromper o ciclo menstrual, levando à infertilidade.
O aumento de andrógenos provoca ainda, entre outros sintomas, o aparecimento de acne e pelos no rosto.
Por trás da síndrome do ovário policístico muitas vezes está a resistência à insulina, hormônio fabricado pelo pâncreas e responsável pelo controle do nível de açúcar no sangue.
É que o desequilíbrio nessa produção pode desencadear o diabetes tipo 2. E os níveis de glicose muito elevados prejudicam os ovários, que passam a gerar mais andrógenos do que estrógenos, os hormônios femininos.
Sintomas da síndrome do ovário policístico
Ela está muito relacionada à infertilidade e a alterações no ciclo menstrual. Mas outras questões ligadas à hormônios também costumam aparecer. Veja a lista completa:
- Dificuldade para engravidar
- Menstruação desregulada ou inexistente
- Ganho de peso
- Pele muito oleosa
- Acne
- Crescimento de pelos no rosto, nos seios e no abdômen
- Queda de cabelo
Atenção: não é regra, mas primeiros sinais da SOP costumam aparecer na adolescência
Causas e fatores de risco
Existe um elo forte entre sobrepeso e o desenvolvimento da síndrome. Não à toa, está relacionado a diabetes e obesidade.
- Histórico familiar
- Resistência à insulina
- Obesidade
A prevenção
Embora não dê para evitar completamente a síndrome do ovário policístico, medidas com perda de peso em geral normalizam parte dos problemas.
Estamos falando de espinhas, pelos, alterações menstruais… Levar uma vida saudável, com dieta leve e exercício físico, diminui até mesmo o risco de desenvolver diabetes tipo 2, outro fator de risco da SOP.
O diagnóstico
Desordens típicas da síndrome do ovário policístico podem ser confundidas com alterações da menstruação em si – entre elas o aparecimento da própria acne.
Às vezes, esses sintomas e a própria irregularidade menstrual são intensificadas nos primeiros ciclos da adolescente. Por isso é importante procurar um ginecologista para uma avaliação logo que a menina entra na puberdade.
Para o diagnóstico da SOP, o especialista leva em conta sintomas como irregularidade do ciclo menstrual e a presença de muitos pelos no rosto ou no corpo, além de testes laboratoriais que indicam o excesso de hormônios masculinos.
Um exame de ultrassom ajuda: num quadro típico, ele revela a presença de dezenas de cistos ou mostra volume ovariano maior que 10 centímetros cúbicos.
Mas, como já dissemos no início, é possível que a imagem do exame nem mostre essas alterações. Converse com o médico.
O tratamento da SOP
A síndrome do ovário policístico em si não tem cura. Mas o tratamento, aliado à adoção de um estilo de vida saudável, afasta as consequências.
Antes de tudo, a pessoa deve praticar atividades físicas regularmente e ter uma dieta equilibrada, o que também significa maneirar no açúcar e na gordura.
Se o médico constatar que a SOP está relacionada à resistência à insulina, a paciente via de regra será orientada a se medicar com metformina ou glitazonas, substâncias que corrigem esse defeito. Tais drogas afastam o risco de diabetes.
Para aquelas que não querem engravidar, o tratamento é feito à base de pílula anticoncepcional. Ela contém doses de estrógeno e progesterona que normalizam o ciclo menstrual e diminuem a produção de hormônios masculinos. Uma alternativa é o uso exclusivo de progesterona.
Caso o medicamento não dê resultados, pode-se optar pela cauterização laparoscópica dos cistos. É uma cirurgia pouco invasiva que, digamos, queima as estruturas que estão tomando conta do ovário.
Por outro lado, quando há dificuldade para engravidar, a ovulação é induzida com substâncias como as gonadotrofinas e o clomifeno. O tratamento facilita a gestação porque torna o momento da ovulação mais previsível.