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Saúde não tem cor: campanha alerta para impacto do racismo na assistência

Levantamento traz cenário da doença falciforme no Brasil e um convite à reflexão sobre os desafios enfrentados pela população preta e parda

Por Chloé Pinheiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 19 jun 2023, 19h09 - Publicado em 19 jun 2023, 13h54
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População negra enfrenta uma série de dificuldades para obter atendimento em saúde  (VEJA SAÚDE/SAÚDE é Vital)
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Hoje, 19 de junho, é o Dia de Conscientização sobre a Doença Falciforme (DF), antigamente conhecida como anemia falciforme. A condição, que afeta os glóbulos vermelhos do sangue e compromete a qualidade de vida, atinge majoritariamente a população negra. 

Pensando nisso, a empresa de advocacy Colabore com o Futuro aproveita a data para lançar a campanha Saúde Não Tem Cor. A ideia é lançar luz sobre o impacto do racismo nos serviços de saúde. 

A campanha é apoiada pela Aprofe, instituição sem fins lucrativos voltada a essa temática. Juntas, as duas entidades realizaram uma pesquisa inédita que traça o cenário da doença falciforme no país. 

O levantamento ouviu 230 pessoas de todas as regiões brasileiras, incluindo portadores da condição, seus cuidadores e familiares.

Entre os achados, o de que 77% utilizam o Sistema Único de Saúde (SUS) para realizar seus tratamentos. A grande maioria dos respondentes, 80%, se identifica como preta ou parda. 

+ Leia também: Racismo faz mal à saúde

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A pesquisa também evidencia a realidade socioeconômica de quem apresenta o quadro. Mais de 70% dos participantes vivem com dois salários mínimos ou menos, sendo que 37% do total tem rendimento inferior a um salário mínimo. 

Um dado em particular chama a atenção: 12% dos portadores estão afastados do trabalho recebendo auxílio doença ou usando benefícios assistenciais. Mais de 20% estavam desempregados, mais do que o dobro da taxa de desemprego da população em geral, que é de 8,7%.

Como a doença falciforme afeta a saúde

Entre os sintomas e problemas de saúde mais relatados, os principais foram dor e cansaço, com 37% e 22,5% de prevalência, respectivamente. Outras queixas, como edemas, distúrbios gastrointestinais, desmaios e complicações ósseas também apareceram. 

Mais de 40% dos entrevistados tiveram que ser hospitalizados por conta da doença falciforme nos últimos dois anos. E 70% precisaram desmarcar compromissos sociais ou profissionais com frequência, sendo que nessas ocasiões quase um terço tomou analgésicos. 

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Só 18% dos participantes não sentem nenhum sintoma no seu dia a dia

A Aprofe espera que os dados auxiliem na atualização dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT), um documento do SUS que norteia o tratamento na rede pública. 

Racismo faz mal à saúde 

As dificuldades na vida do portador da doença falciforme são um exemplo representativo do racismo estrutural e seus impactos no acesso à saúde, ressalta a Aprofe.

Pessoas negras compõem a maior parte da população pobre, moram longe dos serviços de saúde e, quando acessam o atendimento, sofrem preconceito ou recebem menos tempo de atendimento que uma pessoa branca.

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+ Leia também: Trauma racial: quando o racismo deixa suas marcas

Por exemplo: segundo o Ministério da Saúde, 60% das mortes em partos ocorrem entre as negras. Elas também são mais vítimas da violência obstétrica. 

E a diferença se estende também para outras doenças. A taxa de mortalidade do diabetes tipo 2 é de 34 a cada 100 mil habitantes se considerarmos somente a população negra. Entre os brancos, 22,7 a cada 100 mil.

O que é a doença falciforme 

Trata-se de uma condição de origem genética que altera o formato dos glóbulos vermelhos, ou hemácias, as células que transportam oxigênio pelo sangue. 

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Elas ficam semelhantes a uma foice (daí o nome), e isso leva a uma série de complicações, como a dor crônica, infecções, acidente vascular cerebral (AVC) e outros. 

Segundo dados da Aprofe, 60 mil brasileiros são portadores da doença, que é a condição genética mais predominante no país.

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