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Primeiros resultados de uma campanha de vacinação contra a dengue

Em evento realizado para jornalistas da América Latina, governo estadual e farmacêutica apresentam dados da experiência pública de imunização no Brasil

Por André Biernath
Atualizado em 11 dez 2018, 18h38 - Publicado em 25 Maio 2017, 11h45
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  • Michele Caputo Neto, secretário de saúde do Paraná, apresentou no dia 23 de maio uma análise sobre as ações de implementação da primeira campanha pública de vacinação contra a dengue. O imunizante contra a infecção está aprovado no Brasil desde o ano passado, porém só pode ser obtido em clínicas particulares — por enquanto, o estado da região Sul foi o único a criar um programa que oferece o produto de graça à população.

    Para iniciar a experiência, o governo paranaense escolheu 30 cidades que apresentavam 80% dos casos de dengue, 83% dos quadros graves e 82% das mortes no estado. A vacina ficou disponível especificamente para indivíduos de 15 a 27 anos, público que mais sofreu com o problema decorrente da picada do mosquito Aedes aegypti. Só nos municípios de Paranaguá e Assaí, que tinham situações ainda mais alarmantes, a faixa etária foi ampliada para 9 a 44 anos.

    Nos estudos anteriores, que serviram de base para a aprovação do imunizante, os resultados mostraram uma proteção de 66% contra os quatro sorotipos de dengue. Além disso, tomar as vacinas — são necessárias três com um intervalo de seis meses entre elas para obter proteção — diminuiu em 80% as hospitalizações e em 93% os casos graves.

    No Paraná, a primeira dose foi aplicada em outubro de 2016 (mais de 200 mil pessoas foram alcançadas). Porém, apenas cinco municípios atingiram 80% da meta. Na segunda etapa, em março de 2017, a campanha foi reforçada e conseguiu mais divulgação, o que elevou o número de picadas para 453 mil — 18 das 30 cidades alcançaram mais de 80% do público-alvo.

    Caputo Neto acredita que as dificuldades da vacinação contra a doença estão relacionadas ao pioneirismo do estado, ao fato de a faixa etária visada não frequentar costumeiramente os postos de saúde e às baixas temperaturas no período de oferta dos imunizantes. Ele ainda calcula que o estado gaste anualmente 300 milhões de reais (7,5% do orçamento da secretaria) no tratamento da dengue, enquanto o investimento total para realizar a campanha saiu por 90 milhões (o preço de cada dose foi de 127 reais).

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    Por ora, não dá pra saber o impacto que a medida trouxe diretamente na vida das pessoas. As taxas dengue caíram bastante, mas isso ocorreu no Brasil inteiro. Como os números de infectados foram extremamente altos nos últimos anos, já era esperada uma boa redução durante 2017. “Mesmo assim, não tivemos nenhum óbito por dengue e apenas uma situação mais complicada por aqui”, destaca o secretário. Segundo o último boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde, foram registrados 57 casos graves e 17 mortes em 2017 — no mesmo período do ano passado, os números chegaram a 700 episódios graves e 507 óbitos.

    A terceira e última dose da vacina será aplicada no próximo mês de outubro. A partir daí, conseguiremos medir os efeitos práticos da iniciativa paranaense. Os estudos de avaliação dos benefícios e possíveis eventos adversos serão feitos pela Universidade Federal do Paraná, pela Universidade de São Paulo e pelo Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba.

    Vale a pena investir?

    Durante o encontro, a Sanofi Pasteur também apresentou um estudo de custo-efetividade da vacinação contra a dengue no Brasil. O objetivo: ver se vale a pena, do ponto de vista governamental, implementar uma campanha pública de imunização em todo o território nacional. Os dados, publicados no Jornal Brasileiro de Economia da Saúde, foram levantados por experts da Universidade da Flórida, da Universidade Johns Hopkins e do Centro de Pesquisa em Câncer Fred Hutchinson, nos Estados Unidos, e do Imperial College London, no Reino Unido. Confira abaixo os principais achados:

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    Em 10 anos, implementar a vacinação de rotina para todas as crianças de 9 anos e realizar uma campanha de imunização de jovens entre 10 E 16 ANOS por três anos levaria a uma redução de:

    Em 10 anos, implementar a vacinação de rotina para todas as crianças de 9 anos e realizar uma campanha de imunização em pessoas entre 10 E 25 ANOS por três anos levaria a uma redução de:

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