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Prêmio Veja Saúde & Oncoclínicas de Inovação Médica anuncia vencedores

De vacinas contra a dependência a uma cabine que investiga lesões suspeitas na pele, conheça iniciativas de saúde que se destacaram em 2023

Por Goretti Tenorio
Atualizado em 27 ago 2024, 17h35 - Publicado em 13 dez 2023, 22h01
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Esta iniciativa valoriza pesquisas e projetos em prol da saúde brasileira. (Ilustração: Veja Saúde/SAÚDE é Vital)
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Em evento na cidade de São Paulo no dia 13 de dezembro, profissionais da área da saúde aplaudiram os trabalhos e instituições que se destacaram em 2023. A noite de celebração à ciência brasileira reuniu médicos e cientistas de diferentes instituições do país para conhecer os projetos que fizeram diferença na saúde e bem-estar dos brasileiros.

Com o propósito de divulgar os avanços e conquistas de equipes que se dedicam a encontrar soluções inovadoras para melhorar a assistência médica no Brasil, o Prêmio Veja Saúde & Oncoclínicas de Inovação Médica recebeu dezenas de trabalhos vindos de todas as regiões do país. Eles foram avaliados por um júri técnico, formado por grandes nomes da saúde.

As notas foram atribuídas de acordo com critérios como abrangência e aplicabilidade, impacto e relevância, inovação e capacidade disruptiva, além do emprego de tecnologia. Conheça os projetos vencedores em cada uma das seis categorias. Saiba quais são eles:

Categoria “Medicina de Precisão e Genômica”

Vencedor: Descoberta amplia as esperanças contra o câncer de pâncreas

Esse é um dos tumores mais agressivos e letais (e sem sintomas e formas de rastreamento que permitam um diagnóstico precoce). Com a missão de mudar esse panorama, pesquisadores do A.C.Camargo Cancer Center desvendaram o papel de uma estrutura do sistema imunológico que faz diferença na reação à doença.

A descoberta deve beneficiar indivíduos com adenocarcinoma ductal pancreático. Os cientistas demonstraram que, nesse tipo de tumor, a presença das chamadas estruturas linfoides terciárias maduras levam a uma melhor eficácia da imunoterapia, um tipo de tratamento que tem mudado o cenário da oncologia.

As revelações do estudo abrem caminho para exames que ajudam a selecionar os melhores candidatos à imunoterapia e para o desenvolvimento de novos medicamentos, que beneficiariam até 80% dos pacientes com esse tumor.

Título do trabalho: Estruturas linfoides terciárias maduras são chave para a geração de respostas imunes antitumorais em adenocarcinomas ductais pancreáticos

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Autores: Gabriela Sarti Kinker, Glauco Akelinghton Freire Vitiello, Ariane Barros Diniz, Mariela Pires Cabral-Piccin, Pedro Henrique Barbosa Pereira, Maria Letícia Rodrigues Carvalho, Wallax Augusto Silva Ferreira, Alexandre Silva Chaves, Amanda Rondinelli, Arianne Fagotti Gusmão, Alexandre Defelicibus, Gabriel Oliveira Dos Santos, Warley Abreu Nunes, Laura Carolina López Claro, Talita Magalhães Bernardo, Ricardo Tadashi Nishio, Adhemar Monteiro Pacheco, Ana Carolina Laus, Lidia Maria Rebolho Batista Arantes, Julia Lima Fleck, Victor Hugo Fonseca de Jesus, André de Moricz, Ricardo Weinlich, Felipe José Fernandez Coimbra e Vladmir Cláudio Cordeiro de Lima e Tiago da Silva Medina

Instituições: Fundação Antônio Prudente/A.C.Camargo Cancer Center, com colaboração das instituições Santa Casa de Misericórdia do Estado de São Paulo (SP), Hospital Israelita Albert Einstein (SP), Instituto Evandro Chagas (PA), Hospital de Amor (Barretos/SP) e Mines Saint-Etienne (França).

Categoria “Terapias e Tratamentos Inovadores”

Vencedor: Uma vacina para tratar a dependência de drogas

O uso indiscriminado de cocaína e crack traz resultados devastadores ao indivíduo, sua família e todo o seu entorno. A dificuldade de estabelecer tratamentos efetivos à dependência levou uma equipe da Universidade Federal de Minas Gerais a criar uma solução absolutamente disruptiva: uma vacina terapêutica.

Ela parte do entendimento de que a cocaína ativa o sistema de recompensa cerebral, promovendo cada vez mais a necessidade pela droga. Chamada de Calixcoca, ela é baseada em uma molécula sintética.

Ao ser injetada no sangue, induz a produção de anticorpos que se ligam às partículas de cocaína. Ao se tornarem mais pesadas, elas não conseguem atravessar a barreira natural que protege o sistema nervoso, bloqueando os efeitos da droga e prevenindo recaídas.

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Com a sequência do estudo para as fases clínicas, a Calxicoca deve se transformar no primeiro medicamento a utilizar a ação de defesa do organismo para tratar um transtorno psiquiátrico.

Título do trabalho: Calixcoca: desenvolvimento de um tratamento inovador para a dependência de cocaína e crack

Autores: Frederico Duarte Garcia, Maila de Castro Lourenço das Neves, ngelo de Fátima e Gisele de Castro Goulart

Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

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Categoria “Tecnologias Diagnósticas”

Vencedor: A cabine high-tech que investiga lesões na pele

Entre os tipos de câncer de pele, a grande preocupação é o melanoma. Apesar de menos frequente, representa 80% da mortalidade entre os tumores dermatológicos.

Partindo das premissas de que esse tipo de tumor é detectável por exame visual e que o estágio no momento do diagnóstico é determinante para o sucesso do tratamento, pesquisadores do Hospital de Amor de Barretos, referência em oncologia no interior de São Paulo, criaram um aplicativo e uma cabine fotográfica de autoatendimento.

Trata-se de um recurso móvel e multiúso que permite às pessoas aprender sobre fatores de risco, reconhecer com um filtro especial manchas na pele que não aparecem ao natural, e, diante de uma tela sensível ao toque, tirar e encaminhar fotos em alta resolução de pintas suspeitas para serem analisadas por especialistas.

Instalada em um shopping center local, a unidade móvel, além de facilitar a triagem por meio de inteligência artificial e o encaminhamento dos casos, tem o objetivo de conscientizar a população a respeito do câncer de pele.

Título do trabalho: Abordagens móveis e de tecnologia para prevenção primária e secundária de câncer: desenvolvimento de uma unidade de fotografia para rastreio e prevenção primária e secundária de câncer de pele e impacto sobre a incidência e prevalência de melanoma na cidade de Barretos (SP)

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Autores: Vinicius de Lima Vazquez e Raquel Descie Veraldi Leite

Instituição: Hospital de Amor de Barretos – Fundação Pio XII

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Categoria “Prevenção e Promoção à Saúde”

Vencedor: Uma rede que salva bebês de sequelas cerebrais

Apesar dos avanços nos cuidados perinatais, todo ano milhões de crianças chegam ao mundo com o risco de desenvolverem alterações neurológicas graves. Daí a importância de contar com uma solução como a desenvolvida pela PBSF – Protegendo Cérebros e Salvando Futuros.

Para prover esses bebês de cuidado especializado, a empresa criou uma rede de monitoramento cerebral que visa identificar precocemente disfunções cerebrais. A central com experts e funciona 24 horas por dia, sete dias por semana – e está conectada a 45 hospitais dentro e fora do país.

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Dessa forma, são monitoradas as crianças em estado mais crítico, com recursos que vão de eletroencefalograma contínuo, sensores de infravermelho para checar nível de oxigenação e óculos de inteligência artificial para o médico na beira do leito coordenar instruções e atendimento. A central avalia exames e mune a equipe local de orientações para tornar o suporte ágil e efetivo.

Por meio do dispositivo, já foram realizadas mais de 600 mil horas de monitoramento, beneficiando mais de 9 mil crianças.
Saúde digital avançada para prevenção de sequelas neurológicas em recém-nascidos

Autores: Alexandre Netto, Gabriel F.T. Variane, Rafaela Fabri R. Pietrobom e Mauricio Magalhães

Instituição: Protecting Brains & Saving Futures (PBSF)

Categoria “Medicina Social”

Vencedor: Navegação de pacientes: uma bússola para lidar com o câncer no SUS

Seis em cada dez pacientes oncológicos no Brasil precisam passar por sessões de radioterapia. Entretanto, são diversos os obstáculos enfrentados para o acesso a essa abordagem, entre elas déficit de aparelhos, máquinas obsoletas e limitação de equipe.

Para piorar, a falta de informação aos pacientes compromete a celeridade e a regularidade no tratamento. Pensando em otimizar os recursos disponíveis, especialistas da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) fizeram um estudo a fim de avaliar a chamada “navegação de pacientes” como uma ferramenta para melhorar o tempo de início e conclusão de radioterapia.

Com a colaboração de um estudante de psicologia como navegador, o programa consistiu em acompanhar todo o percurso do paciente, acolhendo, ajudando a marcar consultas, checando a adesão às sessões e fazendo a ponte com os especialistas.

Ao fim de 18 meses, o programa não só apontou as lacunas que dificultam a rotina de cuidados, como reduziu o tempo médio entre diagnóstico e início da radioterapia e aumentou a proporção de pacientes que começaram o tratamento em até 60 dias.

Os resultados positivos do projeto sugerem que a expansão da estratégia pode facilitar a jornada de quem depende do SUS para se tratar.
Papel da navegação de pacientes na melhoria dos prazos para início e conclusão do tratamento radioterápico definitivo no sistema público de saúde de Belo Horizonte

Autores: Carolina Martins Vieira, Angélica Nogueira Rodrigues e Paulo Henrique Costa Diniz

Instituição: Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Categoria “Engajamento e Empoderamento do Paciente”

Vencedor: Inteligência artificial como aliada contra as barreiras da audição

Dificuldades no processamento do que se ouve têm potencial para reduzir a concentração e a produtividade, afetar a saúde mental e desencadear problemas como depressão e ansiedade. Estima-se que 20% da população apresenta alguma alteração nesse sentido, sendo que apenas 2% é diagnosticada.

Tradicionalmente, a estimulação do processamento auditivo é feita por profissionais especializados em centros de reabilitação e em cabines acústicas. Na realidade brasileira, porém, uma pequena parcela tem acesso a esse tipo de assistência. No projeto apresentado pela heathtech ProBrain, uma plataforma online gamificada e baseada em algoritmos se mostrou capaz de avaliar e treinar pacientes a superar os obstáculos auditivos.

A solução requer o uso de smartphone, tablet ou computador e fones de ouvido. O AudioFoco é composto pelo AudBility, responsável pela triagem, e o Afinando o Cérebro, que conta com mais de 200 jogos para aprimorar habilidades de acordo com necessidades individuais.

Para verificar a validade da proposta, 32 adultos participaram da pesquisa de treinamento, 18 com protocolo validado por especialistas e 14 com recomendação da inteligência artificial. Após um mês de sessões, duas vezes por semana, os dois grupos melhoraram suas habilidades auditivas e a agilidade mental.

Ou seja, o AudioFoco foi tão eficaz quanto o protocolo convencional, demonstrando ser uma alternativa online confiável, que dá acesso e empodera pacientes a vencer limitações.

Título do trabalho: AudioFoco: inteligência artificial para treinamento do sistema auditivo cognitivo

Autores: Ingrid Gielow, Marina Englert, Gracieth Batista e Diana Melissa Faria

Instituição: ProBrain Soluções Neurotecnólogicas para Saúde e Educação

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