Relâmpago: Assine Digital Completo por 1,99

Ômicron XE: como ela surgiu e o que é um vírus recombinante?

Ela é o casamento de subvariantes do coronavírus que podem ter infectado uma única pessoa, mas não é motivo de preocupação por enquanto

Por Fabiana Schiavon
Atualizado em 25 abr 2022, 11h20 - Publicado em 19 abr 2022, 18h24
omicron xe e sintomas
A XE preocupa nos Estados Unidos e na Europa porque ela é ela tem muito mais características da BA.2, que já prevalece nessas regiões (Foto: CDC/Unsplash/Divulgação)
Continua após publicidade

Já falamos das subvariantes BA.1 e BA.2 do novo coronavírus, que surgiram a partir da Ômicron. Essa dança de multiplicação viral pelo mundo resultou em dois novos “bichinhos”, que unem partes de variantes diferentes: a Deltacron, da união entre Delta com a Ômicron e, mais recentemente, a XE, mistura de BA.1 e BA.2.

Elas são consideradas variantes recombinantes. Isto é, surgem a partir da co-infecção de dois subtipos do vírus em uma única pessoa. Dentro das células humanas, eles efetivam essa fusão.

Compartilhe essa matéria via:

Lembrando que o vírus só tem a oportunidade de criar uma mutação quando infecta o organismo de alguém. Quando ele entra nas células, usa as estruturas ali presentes para criar cópias de si mesmo. A cada cópia, pode ocorrer um erro no material genético, uma mutação.

Ao acumular vários erros e transmitir essas mutações às próximas cópias, surge uma variante. No caso da Deltacron e do XE, o que ocorreu foi uma combinação de dois tipos infectando as mesmas células.

+ LEIA TAMBÉM: Deltacron: a nova variante no ar e o “sexo” dos vírus

Continua após a publicidade

“A recombinante pode ser um salto evolutivo ou não. Enquanto uma variante comum é composta de pedacinhos de um vírus original, a recombinante faz uma junção de genomas inteiros. Mas não necessariamente isso resulta em um ganho tão grande para o vírus, até porque ele pode pegar características que, juntas, não dão tanta força a ele”, esclarece o virologista Fernando Spilki, professor da Universidade Feevale.

Não é uma exclusividade do coronavírus. Outros patógenos, como o HIV e o influenza, também têm essa capacidade.

O quanto esse vírus recombinante preocupa?

A Deltacron, primeira mutante recombinante, preocupou especialistas porque une a Delta, que provocava casos mais graves, com a Ômicron, mais transmissível. Mas, até agora, ela não ganhou terreno pelo mundo. Foram notificados apenas casos mais isolados.

Por outro lado, a XE tem uma conexão forte com a BA.2, que cresce exponencialmente na Europa e nos Estados Unidos. “Como a XE tem muito mais características da BA.2, que prevalece nesses lugares, é importante que essas regiões também fiquem alertas com a recombinante”, explica Bernardo Almeida, infectologista do infectologista e chefe médico da Hilab.

Continua após a publicidade

E por esse mesmo motivo, ela se mantém na lista de preocupação da Organização Mundial de Saúde (OMS). A agência de saúde britânica (UK Health Security Agency) divulgou o último relatório sobre a XE no fim de março. Ela foi descoberta no Reino Unido em janeiro e os casos da recombinante só sobem por lá desde então.

O documento informa que a preocupação deve vir de quem ainda não se vacinou, e que a nova variante não deve causar casos graves e hospitalizações em quem está protegido. Mas, claro, ser infectado nunca é boa ideia. Mesmo os casos leves têm sido notificados com a síndrome da pós-Covid.

Não há informações, ainda, sobre a mudança nos sintomas – que se mantém semelhantes aos da Ômicron: tosse, dor de garganta, coriza, febre, dor no corpo.

Já no Brasil, como prevaleceu a BA.1, em teoria, é menos provável que a XE ganhe espaço – mas, claro, nada no mundo dos vírus é certeza. Segundo dados da Rede Genômica da Fiocruz, essa cepa ainda está em evidência.

Continua após a publicidade

No mês de março, foram sequenciados geneticamente 436 testes de Covid-19, e apenas 0,3% eram da BA.2. Mais de 80% das amostras era da BA.1, e cerca de 17% não puderam ser identificadas.

+ LEIA TAMBÉM: Covid-19: quem é a BA.2 e o que muda a cada nova variante

Como nos proteger?

O cuidado é o de sempre: usar máscaras, em especial em ambientes de alto risco, evitar aglomerações e higienizar constantemente as mãos. Além disso, é preciso testar e se isolar na presença de sintomas respiratórios.

Fazer sequenciamento dos exames positivos e acompanhar o número de casos ajuda a preparar o sistema de saúde para novas variantes. “A real preocupação vem quando a taxa de transmissão do vírus, o RT, passa de 1 ponto”, alerta Almeida. Se o número vai além disso significa que uma pessoa infectada pode transmitir o vírus a mais de uma.

Continua após a publicidade

O site Covid-19 Analytics, mantido por professores da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) aponta uma taxa de transmissão atual de 0,7 no Brasil. Na conta, 100 infectados contaminariam outras 70 pessoas, apontando tendência de redução da circulação do vírus.

A XE é levemente mais transmissível que os seus  vírus de origem (cerca de 10%), mas não há informação de que ela seja capaz de escapar mais facilmente das vacinas. Para se manter protegido, só tomando as injeções no tempo correto. O problema é que o Brasil ainda engatinha para colocar a terceira dose em dia.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

ECONOMIZE ATÉ 88% OFF

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 1,99/mês

Revista em Casa + Digital Completo

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
A partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$ 1,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.