A perda do olfato, condição conhecida pelos médicos como anosmia, ganhou destaque por causa da Covid-19. Estudos clínicos apontam que até 80% dos pacientes manifestam o sintoma subitamente. No entanto, existem outras enfermidades que provocam essa chateação.
“Você pode perder o olfato por vários motivos. Em 85% das vezes, a anosmia está relacionada à sinusite, rinite e outras doenças respiratórias ou mesmo em função de um traumatismo craniano”, destaca Marcio Nakanishi, otorrinolaringologista da Universidade de Brasília. “Além disso, ela é causada por doenças como Parkinson, Alzheimer e câncer”, completa.
Segundo esse especialista, há basicamente três tipos de anosmia (que podem interagir entre si):
- Condutiva: surge quando a passagem de ar no nariz é impedida, como em casos de gripe e rinite.
- Neurossensorial: é resultado do comprometimento de células específicas ou nervos que levam a informação de cheiro para o cérebro.
- Central: ocorre quando o cérebro não consegue processar direito as informações de odor. Também pode decorrer de nervos afetados, mas dentro da cabeça. As últimas duas estão atreladas a condições como Alzheimer e Parkinson.
É importante ressaltar que, nos casos de sinusite e rinite, a perda do olfato acontece gradativamente. Já na Covid-19, o sintoma dá as caras subitamente. “Pelo menos metade desses episódios apresenta uma recuperação espontânea”, afirma Nakanishi.
Especula-se que a anosmia típica do Sars-CoV-2 venha de danos de células no nariz que ajudam a transmitir os odores para o cérebro.
Em doenças crônicas e degenerativas como Parkinson e Alzheimer, a anosmia também é um dos primeiros sintomas. “Nelas e em alguns casos de tumor, deixar de sentir cheiros é comum e pode ser um importante preditor da evolução do quadro”, complementa o otorrinolaringologista.
Ou seja, se parar de sentir cheiros, converse com um especialista.
Como tratar a perda de olfato
Antes de tudo, cabe destacar que a capacidade de sentir odores pode voltar por conta própria. Mas existem duas formas de reverter a anosmia com o apoio de profissionais: treinamento olfatório e remédios.
No primeiro caso, o paciente deve cheirar essências de eucalipto, cravo, rosa… O protocolo pode durar de três meses a um ano. Essa terapia foi desenvolvida pelo professor Thomas Hummel, da Universidade de Dresden, na Alemanha. “Duas vezes ao dia, o paciente cheira e memoriza as essências. Aos poucos, a capacidade olfativa vai voltando”, detalha Nakanishi.
Fora isso, a administração de medicamentos às vezes ajuda a reduzir inflamações que comprometem o olfato. A indicação, claro, depende de um médico.
Durante o tratamento, a pessoa com anosmia precisa adaptar seu estilo de vida. Ao não sentir cheiro, ela eventualmente se expõe a perigos, como não identificar incêndios ou mesmo uma comida estragada.
“É necessário tomar uma série de medidas, como instalar detectores de fumaça e etiquetar alimentos guardados na geladeira”, finaliza Nakanishi.