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O 1º remédio que funciona sem hormonioterapia em um tipo de câncer de mama

Recém-chegado ao Brasil, o medicamento abemaciclibe é voltado contra o subtipo mais comum do tumor de mama em estágio avançado – e vem em pílulas

Por Theo Ruprecht
Atualizado em 2 out 2020, 15h39 - Publicado em 5 jul 2019, 16h56

Cerca de 69% de todos os diagnósticos de câncer de mama são do tipo RH+/HER2-. Nessas situações, a doença é estimulada por hormônios sexuais femininos – daí por que, em casos avançados, os médicos sempre incluíam no tratamento a hormonioterapia, que serve justamente para bloquear a ação dessas substâncias. Mas acaba de chegar ao Brasil o remédio abemaciclibe (da farmacêutica Eli Lilly), a primeira opção contra essa enfermidade que pode ser empregada sem a tal hormonioterapia em certos cenários.

Em geral – e isso vai continuar assim –, a pessoa com um tumor de mama RH+/HER2- que se espalhou pelo corpo recebe quimioterapia ou terapia-alvo junto com comprimidos que bloqueiam a ação dos hormônios femininos. O abemaciclibe, aliás, também pode ser usado assim (e como primeira opção de tratamento, aliás).

“Acontece que, às vezes, já utilizamos diferentes combinações, com diferentes tipos de hormonioterapia, e não conseguimos controlar o câncer”, lamenta o oncologista Antonio Carlos Buzaid, da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo. “Nessa situação, tínhamos poucas opções, como dar mais doses de químio isoladamente”, completa.

Eis que estudos com a nova medicação mostraram que, até nesse cenário mais complicado, ela trouxe resultados positivos. Segundo o estudo Monarch-1, quase 20% das mulheres que, passadas todas as etapas prévias, recorreram a esse fármaco como tratamento único tiveram uma resposta positiva considerável. Parece pouco, mas outros levantamentos revelam que a quimioterapia só beneficiou 10% dessas pacientes.

Além de dobrar a taxa de resposta, o abemaciclibe freou o avanço da enfermidade por seis meses (ante três meses da químio).

Como funciona o remédio

Ele basicamente inibe enzimas que aceleram a progressão do câncer de mama – a CDK4 e a CDK6. Aliás, outras duas drogas já aprovadas no Brasil atuam de maneira semelhante: o ribociclibe, da Novartis, e o palbociclibe, da Pfizer. Todas pertencem à classe das terapias-alvo (que miram um alvo específico do tumor) e são administradas diariamente em forma de comprimidos.

Entretanto, o abemaciclibe é o único de uso contínuo. Os outros, por causarem uma queda mais intensa das células de defesa do organismo, são aplicados por três semanas, seguidas de um período de descanso. “Em estudos com modelos animais, quando você interrompe o tratamento, às vezes o câncer avança”, diz Buzaid.

Ou seja, é possível que a opção recém-chegada ao mercado brasileiro funcione mesmo quando a hormonioterapia não pode mais ser usada porque não dá sossego para o tumor de mama, assim por dizer. Para confirmar essa hipótese, entretanto, mais experimentos são necessários.

Por outro lado, o abemaciclibe comumente provoca diarreia como efeito colateral. Ainda assim, sua toxicidade é bem mais tolerável do que a da quimioterapia convencional.

A eterna questão do acesso

Como outros integrantes da terapia-alvo, o abemaciclibe tem um custo considerável. A Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos fixou o preço máximo para o consumidor em 27 751,59 reais (em estados com a maior carga tributária sobre medicamentos). Esse valor equivale a 60 comprimidos com a dose mais alta, de 200 miligramas – a quantidade necessária para cada paciente vai variar caso a caso.

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“O valor de registro pode ser diferente do praticado na hora da comercialização. Isso ocorre por causa de algumas variáveis, como dosagem, diferença de alíquota de imposto por região, entre outras”, informa a Eli Lilly, por meio de nota enviada a SAÚDE.

Cabe reforçar que as variações no preço devem ser sempre para baixo – nunca para o alto – por força da regulamentação nacional. Até eventuais descontos influem no número final.

No momento, o tratamento está fora do SUS. E deve enfrentar resistência mesmo no sistema privado, uma vez que os seguros de saúde não são obrigados a cobrir novos medicamentos orais que estão fora do rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

“Temos brigado constantemente com as seguradoras para garantir o acesso a essas alternativas modernas de tratamento”, lamenta Buzaid.

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