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Nova cirurgia devolve ereção a homens com disfunção erétil

Desenvolvida por profissionais brasileiros, a técnica reativa o pênis e afasta a impotência, principalmente de quem teve câncer de próstata

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 23 jan 2020, 13h30 - Publicado em 19 jul 2019, 17h52
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  • Pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista de Botucatu anunciaram recentemente os resultados da reinervação peniana, uma nova cirurgia para corrigir a disfunção erétil em homens que retiraram a próstata. A remoção dessa glândula masculina, procedimento comum em pacientes com câncer na região, não raro culmina em impotência.

    A equipe brasileira já operou 62 homens, com uma taxa de sucesso de 60%. Isso significa que seis em cada dez voltaram a ter “capacidade de penetração” durante o sexo.

    “E os outros 40% demonstram vários graus de melhora na ereção, o que já muda a vida deles”, comenta o cirurgião plástico Fausto Viterbo, desenvolvedor da técnica cirúrgica, junto com um time multidisciplinar no interior paulista.

    O procedimento basicamente tira um nervo da perna – o sural – e cria com ele uma ligação entre o nervo femoral e o pênis. “O nervo femoral passa pela região da bacia e dá sensibilidade e força para a coxa e os músculos envolvidos na caminhada”, explica o médico.

    Normalmente, ele não está envolvido na ereção. Mas, como ativa movimentos corporais, veio a ideia de utilizá-lo como substituto do nervo cavernoso, que comanda a ereção do pênis.

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    Pois bem: depois que o atalho é criado, o cérebro começa a enviar estímulos ao órgão sexual por esse novo caminho. “Resumindo, o nervo utilizado para andar passa a responder também pela ereção”, conta Viterbo.

    Ele e sua equipe publicaram um artigo com os resultados no British Journal of Urology International.

    Quem se beneficia da cirurgia de reinervação peniana?

    O público-alvo principal são homens que precisam retirar a próstata para tratar um tumor maligno na glândula – o segundo tipo de câncer mais frequente no sexo masculino, atrás apenas do de pele. A cirurgia de remoção deixa com frequência uma lesão no nervo cavernoso. Assim, o membro perde sua sensibilidade, o que seria corrigido com a nova técnica.

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    Entretanto, mais grupos talvez possam recorrer a ela. Viterbo e sua turma já operaram, por exemplo, três diabéticos – a doença prejudica o sistema nervoso dos membros e é associada à disfunção erétil. Para eles, o resultado também foi positivo.

    A idade não parece relevante para a indicação. Até o momento, foram operados sujeitos entre 53 e 73 anos, com resultados semelhantes entre as faixas etárias. “A diferença para o sucesso parece estar mais no entusiasmo do paciente pela prática sexual”, destaca Viterbo.

    Outra indicação possível é o homem que sofreu um trauma na bacia – uma fratura decorrente de um acidente, por exemplo. A equipe estuda inclusive se o reforço na inervação da região compensa a falta de circulação local, a causa mais comum de impotência. “Isso ainda está sendo estudado, mas acreditamos que o método pode ser eficaz em quem tem pequenas perdas vasculares”, reforça Viterbo.

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    Como a operação é realizada

    Primeiro, o paciente recebe uma anestesia geral ou peridural. Depois, são feitas incisões nos dois lados da virilha, na base do pênis e nas laterais de ambas as pernas. O médico retira então o nervo sural, que é uma estrutura longa e responsável apenas pela sensibilidade de uma parte dos pés. Aí, divide-o em dois, inserindo cada metade em um lado da virilha.

    A operação dura cinco horas e a recuperação envolve um treinamento de excitação, com estímulos visuais e masturbação para incentivar a ereção. Com exceção dos incômodos da cirurgia em si, não foram registrados efeitos colaterais importantes até agora. Só houve a ocorrência de perda de sensibilidade na lateral dos pés, quase imperceptível.

    Enquanto a técnica não é realizada por mais profissionais e incluída no rol de procedimentos do SUS e dos planos de saúde, quem deseja realizá-la precisa entrar na lista de espera da Faculdade de Medicina de Botucatu – a instituição tem capacidade para operar 17 pacientes ao ano.

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    Hoje, o tratamento da disfunção erétil é à base de remédios que facilitam a ereção por meio de comprimidos ou injeções aplicadas pouco antes da relação. Outra possibilidade, menos utilizada, é recorrer às próteses penianas. Em resumo, são hastes de silicone que promovem a ereção com o acionamento de uma bombinha.

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