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Estudo mostra alto uso de medicamentos inapropriados para idosos

Pesquisa brasileira avaliou fármacos que podem apresentar mais riscos do que benefícios nessa faixa etária

Por Lucas Rocha
Atualizado em 4 nov 2024, 16h18 - Publicado em 4 nov 2024, 16h00
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  • Um estudo inédito conduzido por brasileiros alerta sobre o perigo de alguns remédios para pessoas na terceira idade e seus impactos na saúde pública.

    Publicado no periódico Journal of the American Medical Directors Association, o estudo avaliou os chamados medicamentos potencialmente inapropriados (MPIs).

    Trata-se de uma longa lista de fármacos de diversas categorias que apresentam mais riscos de efeitos adversos do que benefícios entre os mais velhos, principalmente em contextos em que existem opções mais seguras. A lista inclui analgésicos, anti-inflamatórios, antidepressivos, entre outros (confira alguns exemplos clicando aqui).

    O uso destas drogas pode agravar o quadro clínico e aumentar os custos para o sistema de saúde. Para o estudo, foram analisadas cerca de 15 mil internações de pessoas com 60 anos ou mais entre 2022 e 2023.

    “Os dados foram extraídos dos prontuários eletrônicos, dos registros de eventos adversos e do Medi-Span, que é um sistema de suporte à decisão clínica que alerta os prescritores sobre erros, doses inadequadas e risco de eventos adversos”, explica o médico geriatra Pedro Curiati, do Núcleo de Medicina Avançada do Hospital Sírio-Libanês, responsável pela pesquisa.

    + Leia também: Longevidade: promessas do futuro versus a realidade brasileira

    Durante a pesquisa, foram avaliados os alertas relacionados a MPIs para pessoas idosas emitidos pelo Medi-Span e sua associação com riscos clínicos e com custos hospitalares. Os resultados apontaram que 71,8% dos pacientes apresentaram pelo menos um aviso de uso dos compostos inadequados.

    Ou seja, 7 em cada 10 idosos internados podem ter recebido algum destes medicamentos. “Pacientes cujas prescrições acionaram esses alertas tendem a ter internações mais prolongadas, incluindo complicações, além de mais eventos adversos, como quedas, confusão mental e até morte”, contextualiza o médico.

    Embora tenha analisado a associação entre alertas e resultados, o trabalho não coletou dados específicos sobre como os médicos responderam a cada notificação e também não menciona as medicações avaliadas.

    A pesquisa evidencia a necessidade de adaptação e modernização dos sistemas de saúde para melhor atender a geração prateada. “O achado reforça a enorme prevalência de uso destes medicamentos, destacando a importância de sua identificação e o impacto na trajetória clínica de idosos internados”, resume Curiati.

    O crescimento da população idosa no Brasil expõe a importância da atenção e dos cuidados em saúde dessa geração. Em 2022, o total de pessoas com 65 anos ou mais chegou a 10,9% no país, de acordo com o Censo Demográfico 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E a tendência é termos cada vez mais brasileiros na terceira idade.

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    É necessário, portanto, prestar mais atenção a esse público. O que inclui não apenas adaptações em casa, mas acompanhamento próximo de doenças crônicas e, especialmente, o apoio para a utilização correta de medicações.

    Vale destacar que pessoas idosas tendem a tomar mais remédios devido a disfunções como pressão alta, diabetes, osteoporose ou artrite. Daí a  importância de trabalhos como esse.

    + Leia também: Estamos preparados para um Brasil com mais idosos que jovens?

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