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Máscaras e roupas anti-coronavírus funcionam?

Marcas estão vendendo produtos feitos com materiais que prometem eliminar ou neutralizar o novo coronavírus. Descubra se valem a pena

Por Maria Tereza Santos
Atualizado em 25 ago 2020, 17h09 - Publicado em 25 ago 2020, 14h09
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  • As pesquisas para enfrentar o novo coronavírus (Sars-Cov-2), causador da Covid-19, não se restringem à busca da vacina perfeita ou do tratamento eficaz. Algumas marcas brasileiras estão desenvolvendo máscaras, roupas, tapetes e afins que seriam capazes de matar ou neutralizar esse agente infeccioso. Mas será que a ação tem embasamento científico? E vale a pena investir nesses itens?

    Empresas como a Insider e a Kos, por exemplo, fabricam roupas e máscaras antivirais. Segundo informações encaminhadas pelas marcas, os artigos de ambas possuem tecnologias próprias, mas que funcionam basicamente da mesma forma: quando o tecido entra em contato com o Sars-CoV-2 (ou outro vírus), ele se liga ao agente infeccioso e rompe o chamado envelope viral, eliminando o inimigo em questão de minutos.

    Para comprovar essa habilidade, elas passaram por avaliações e receberam laudos científicos de verificação da eficácia contra o coronavírus. Os tecidos também foram testados conforme as normas internacionais de qualidade, que definem se uma peça têxtil tem capacidade antiviral.

    Vale ainda citar a Nanox, que não fabrica tecidos, mas oferece uma tecnologia antibacteriana e fungicida que funciona por meio da ação de micropartículas de prata. Celso Palma, coordenador comercial da marca, explica que o aditivo já era comercializado a indústrias têxteis e de outros segmentos para que fosse incorporado em seus respectivos produtos.

    Recentemente, essa tecnologia também foi testada em um estudo, com a colaboração do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP), do Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) e da Universidade Jaume I, na Espanha. A intenção era checar a eficiência especificamente contra o Sars-CoV-2.

    Os resultados mostraram, então, que as micropartículas conseguem eliminar 99,9% da quantidade do vírus de dois a cinco minutos após o contato.

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    De acordo com o químico Oswaldo Luiz Alves, vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC) – Regional São Paulo, os laboratórios onde esse tipo de laudo é realizado têm o nível máximo de biossegurança. “No Brasil, temos vários deles. E, neste momento, todos estão trabalhando fortemente em pesquisas relacionadas a diferentes aspectos da pandemia”, informa o especialista, que também é professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

    Calçados seguros

    Na linha de produtos anti-coronavírus, cabe ainda citar a Kapazi, que criou um tapete sanitizante (clique para comprar). Só que, ao contrário dos itens anteriores, que prometem inativar o causador da Covid-19, esse foi projetado para comportar uma solução de água sanitária com água sem vazar — ela deve ser colocada e reposta pelo próprio consumidor.

    Assim, o indivíduo passa os pés no tapete, seca o sapato em outro e entra no local com seu calçado higienizado. Aqui, a eficiência fica por conta da solução sanitizante, que é a mais indicada para desinfetar roupas e ambientes.

    Olhar atento

    Os exemplos que citamos até aqui reúnem evidências confiáveis de que funcionam. Mas, no mercado, há uma infinidade de outros produtos que garantem proteger contra o coronavírus.

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    Ao se deparar com uma marca vendendo um objeto que tem esse apelo, o ideal é checar a informação direitinho com os fabricantes. Isso ajuda a não cair em ciladas e colocar a saúde em risco.

    É importante se certificar, por exemplo, de que os produtos passaram por análises específicas contra o Sars-CoV-2. “É sabido que os micro-organismos possuem sensibilidades individuais. Por isso, os resultados obtidos para um vírus durante um teste não podem ser transpostos para outros”, justifica Alves.

    “Na ausência de maiores informações, acreditamos que o melhor seria escolher produtos de empresas conceituadas, bem estabelecidas no mercado e que têm por política a preservação de sua imagem institucional”, orienta o químico. O professor também recomenda verificar a quantidade de vezes que dá para lavar os acessórios antes que eles percam a eficácia.

    Vale a pena investir?

    Para a engenheira de materiais Renata Simão, professora do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), produtos certificados contra o Sars-CoV-2 são opções mais interessante para pessoas do grupo de risco e aquelas que precisam sair de casa para trabalhar durante a pandemia.

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    “Devemos considerar, em primeiro lugar, os profissionais da saúde e de segurança pública, além de funcionários de estabelecimentos comerciais e creches. As máscaras e as roupas de trabalho deles deveriam ser fabricadas com esses tecidos multifuncionais”, exemplifica Alves.

    A professora da UFRJ lembra que outro ponto positivo é o fato de esses itens se mostrarem mais sustentáveis, já que não são descartáveis. “As pessoas estão usando cada vez mais plástico para se proteger, sendo que estávamos no caminho contrário, ou seja, tirando-o das nossas vidas por questões ambientais”, reflete Renata.

    Porém, tanto a engenheira de materiais quanto o químico salientam que investir nesses acessórios não é desculpa para se descuidar das outras medidas de proteção contra a Covid-19. Higienizar as mãos e manter o distanciamento social ainda é fundamental.

    “Esses produtos podem fazer parte de um combo que concentra medidas sanitárias e também mudanças de comportamento”, resume Alves.

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