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Máscaras: dá para relaxar, mas elas seguem essenciais em locais fechados

Muitas cidades não exigem mais o acessório, mas decisão deve acompanhar o ritmo da pandemia. Especialistas ainda defendem o uso em espaços fechados

Por Fabiana Schiavon
Atualizado em 25 mar 2022, 19h15 - Publicado em 25 mar 2022, 16h41
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  • A decisão de liberar o uso das máscaras tem sido tomada em todo o Brasil. Em vários lugares, como São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Florianópolis, ela deixou de ser item obrigatório até em ambientes fechados.

    Apesar do clima de normalidade, os especialistas lembram que o número de casos ainda está em alta pelo Brasil e uma nova onda é observada na Europa e na China devido à linhagem BA.2, da variante Ômicron. Ou seja, a pandemia não acabou.

    Aliás, por ser um fenômeno mundial, só a Organização Mundial da Saúde (OMS) pode decretar o fim da crise sanitária – e a agência ainda estuda quais critérios serão levados em conta para isso, segundo jornais europeus.

    Liberdade com cautela

    Diante do contexto atual e também da possibilidade de surgimento de novas variantes, o primeiro alerta à população é de que a decisão de flexibilizar o uso de máscaras pode não ser para sempre.

    A Áustria, por exemplo, é um dos países que voltou a exigir a utilização do acessório nas últimas semanas ao se dar conta da expansão da BA.2. no continente europeu.

    Esse recado precisa ser claro, na visão dos experts. Alguns deles temem até que essa flexibilização passe a ideia de que está tudo bem e o vírus já sumiu.

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    “Não seria justo manter as máscaras só porque provavelmente as pessoas terão maior resistência a voltar a usá-las, se necessário. Mas a sociedade precisa ter consciência de que talvez isso ocorra”, reflete o cardiologista José Rocha Faria Neto, professor da Escola de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e do Centro de Epidemiologia e Pesquisa Clínica da Universidade (Epicenter).

    “Minha visão é que há espaço para começar a flexibilizar as regras, mas sempre com cautela e monitoramento de casos e das taxas de transmissão”, acrescenta.

    O imunologista e pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) Gustavo Cabral acha que os casos ainda estão em um patamar elevado para que as máscaras sejam liberadas também em lugares fechados.

    “Claro que eu quero andar sem máscara. Nas áreas abertas, isso inclusive é possível. Mas em ambientes fechados seria importante manter a regra de uso para suprimir ainda mais a circulação do vírus”, avalia.

    “Pegar Covid ainda é arriscado. Mesmo com a proteção da vacina e ocorrência de sintomas leves, a doença pode deixar a pessoa debilitada por meses”, justifica Cabral.

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    + LEIA TAMBÉM: A dinâmica das variantes de coronavírus e o que pode vir por aí

    Um fator preocupante nesse combo é a falta de adesão à terceira dose, que não chegou a 34% da população brasileira. Estudos têm demonstrado que ela é fundamental para manter a proteção em alta.

    O que deveria ser levado em conta pelas autoridades

    O índice de vacinação é apenas um parâmetro a ser considerado na hora de decidir quando abandonar as máscaras. A taxa de transmissão do vírus também é importante, assim como os números de internações, mortes e o impacto disso tudo no sistema de saúde.

    “É preciso avaliar diversos fatores regionais para chegar à decisão de tirar as máscaras”, resume Faria Neto, lembrando que a realidade pode ser diferente em vários cantos do país.

    Fica nas mãos de cada governante local fazer o melhor balanço desse cenário. Segundo estudo feito em Bangladesh, o uso de máscaras reduziu entre 10% a 15% as infecções sintomáticas de Sars-CoV-2. “Quem liberar deve entender que está deixando de contar com esse percentual”, pontua Bernardo Almeida, infectologista e chefe médico da Hilab.

    O mesmo levantamento indica que os casos detectados por exames caíram 11,1% com uso de máscaras cirúrgicas e apenas 6% com as de tecido. A PFF2 não entrou na avaliação, mas há estudos mostrando que o poder de filtragem delas gira em torno de 90% a 98%.

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    É valido lembrar que o Brasil deixou a desejar nesse aspecto, mesmo quando as máscaras eram obrigatórias – a maior parte das pessoas recorreu à proteção de tecido e, como se não bastasse, cometia erros na hora de vestir o acessório

    “Não tivemos um grande estímulo por parte das autoridades para utilizar as máscaras de alta qualidade [cirúrgicas/PFF2]. Portanto, não aproveitamos o seu máximo potencial” avalia o infectologista.

    + LEIA TAMBÉM: Afinal, qual é a melhor máscara para se proteger da Covid-19?

    Como agir se sua cidade liberou geral

    Hospitais, táxis, clínicas de saúde e transportes públicos sempre foram lugares de alta transmissão e, neles, a proteção ainda é regra.

    De resto, é preciso levar em conta a particularidade de cada espaço. “Cinemas e salas de aula têm pouca ventilação e mais gente, então, o ideal é manter o acessório”, afirma Almeida. Já um salão com pé direito alto e poucas pessoas acaba sendo um pouco mais seguro.

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    O imprescindível é ter bom senso. Perceba: supermercados costumam ser bem amplos, mas em determinados períodos há um fluxo enorme de pessoas. A mesma coisa vale para o ponto de ônibus: embora se trate de um local aberto, em horários de pico ele reúne muita gente. Nessas circunstâncias, a máscara segue essencial.

    E se a sua ideia é realmente usá-la apenas quando necessário, vale investir na PFF2, que garante a maior blindagem.

    Áreas privadas podem exigir o uso de máscaras?

    Sim – da mesma forma que esses estabelecimentos podem fazer exigências em relação ao tipo de roupa permitido no local, esclarece Henderson Fürst, presidente da Comissão Especial de Bioética da OAB Nacional.

    “Isso é válido para todo tipo de estabelecimento: escolas, museus e assim por diante”, afirma o advogado.

    Quem deve usar a máscara?

    Qualquer pessoa, adulto ou criança, com sintoma gripal (coriza, dor de garganta, febre…) – ou que convive com alguém que apresenta sinais – deve evitar sair de casa. Se isso for necessário, tem que colocar máscara.

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    Grupos de risco, no entanto, devem usá-la com maior frequência, principalmente indivíduos com doenças cardiovasculares e respiratórias. A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) pontua quem deve ter mais atenção:

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