Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Queixas de dor nas costas aumentaram no mundo, revela estudo

Má postura no home office, abandono da atividade física, fatores emocionais e abuso de celulares estão levando a uma epidemia de dor nas costas

Por Fabiana Schiavon
Atualizado em 5 jun 2023, 18h39 - Publicado em 5 jun 2023, 18h10
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Um estudo global, publicado no jornal The Lancet, apontou que a dor na região lombar afetou 619 milhões de pessoas no mundo em 2020, primeiro ano da pandemia.

    O trabalho remoto e o estresse do período de isolamento, que atingiu o auge naquele ano, impulsionaram uma tendência de crescimento que deve se manter daqui pra frente.

    A pesquisa estima que 800 milhões de pessoas apresentarão queixas nas costas em 2050. 

    A preocupação é mundial, e médicos brasileiros corroboram esses dados.

    A rede de clínicas Meu Doutor Novamed, que tem unidades em diversas cidades brasileiras, conta que registrou um aumento de 61% no número de pacientes com dores relacionadas a problemas na postura entre 2019 e 2022.

    O sedentarismo e a ergonomia no trabalho são os principais responsáveis pela alta.

    “Pessoas em home office relatam trabalhar na cama, com o notebook no colo. E, quando estão na mesa, não fazem os ajustes necessários nos equipamentos”, aponta Marcos Paulo Vanzin, ortopedista da clínica.

    Continua após a publicidade

    O problema da postura

    O notebook, que tomou o lugar do computador de mesa, quase nunca é adaptado para fazer as vezes de equipamento principal.

    “Telas abaixo da linha de visão sobrecarregam as costas”, pontua o neurocirurgião Rodolfo Carneiro, diretor médico da Clínica Coluna e Neuro.

    “Isso causa dores e com o tempo, vai reduzindo a mobilidade e enfraquecendo os músculos ao redor. Assim, a carga fica toda em cima dos discos que formam a coluna”, pontua o neurocirurgião.

    + Leia tambémPostura inadequada no home office reduz a produtividade e afeta a saúde

    Pescoço ameaçado

    As queixas na lombar são as mais frequentes. Porém, a região cervical, no pescoço, é outra bastante afetada pelos maus hábitos adquiridos na pandemia.

    Continua após a publicidade

    Um estudo italiano fez um comparativo entre o período de trabalho no escritório com o home office. Entre os que já tinham alguma dor no pescoço, 50% relataram piora do quadro.

    O celular é comumente considerado o vilão dessa dor. Existe até a Síndrome do Texto relacionada ao abuso do aparelho, mas o mau uso dos computadores também afeta o pescoço.

    “Manter-se inclinado para frente enquanto digita no notebook ou computador também vai exigir dessa região”, pontua Vanzin.

    Nesse mesmo estudo italiano, 58,8% dos participantes utilizaram computadores de mesa, mas apenas 29% estavam com a altura do monitor regulada, e a conta vai direto para o pescoço.

    Sedentarismo e outros fatores de risco

    Fatores como tabagismo, sedentarismo e obesidade pioram o quadro.

    Continua após a publicidade

    “O cigarro atrapalha a microcirculação sanguínea, o que favorece a degeneração dos discos da coluna, e atrasa a recuperação do organismo em casos de tratamentos e cirurgias”, explica Carneiro.

    A falta de se mexer, no entanto, é o maior vilão da coluna. “Muitos que passam pelo meu consultório dizem que pararam de se exercitar depois da pandemia”, relata Carneiro.

    Fora que, em casa, as pessoas se deslocam menos e ficam mais tempo sentadas, quando não dividem o tempo do dia com tarefas domésticas mais pesadas e cuidado com os filhos.

    A inatividade física se soma ainda ao estresse cotidiano. Nesse sentido, vale dizer que há, no mundo pós pandêmico, um aumento nos diagnósticos de transtornos psiquiátricos, que também podem agravar dores. E vice-versa.

    “O indivíduo nesse estado pratica menos exercício, dorme mal, está sempre tenso”, afirma Carneiro.

    Continua após a publicidade

    Dor nas costas tem tratamento

    Todo mundo vai sentir dores na vida, lembra o cirurgião, mas elas pedem atenção quando afetam a qualidade de vida. “Ela deve preocupar mais quando diminui a produtividade no trabalho, atrapalha o convívio familiar e a prática de atividades prazerosas”, diz o neurocirurgião.

    Uma dor eventual pode ser provocada por um dia de má postura ou estresse. Mas, quando ela dura semanas, realmente é hora de procurar ajuda.

    “Geralmente, quando o tratamento começa nos primeiros seis meses de queixas, conseguimos uma recuperação completa. Quando passa disso, a tendência é a cronificação da dor”, explica Vanzin.

    Em um primeiro momento, o médico resolve o mais urgente com analgésicos e outras medicações. Depois, é preciso investigar a causa e fazer uma mudança geral de hábitos com apoio da fisioterapia e de uma atividade física mais específica.

    + Leia também: Trabalho sedentário: quais são os riscos para a saúde e como contorná-los?

    Continua após a publicidade

    Aqui, como citamos, pode haver necessidade de apoio psicológico também.

    Além da questão da qualidade de vida, é necessário procurar ajuda tanto para evitar complicações quanto porque a dor nas costas pode representar já instalado na região ou outra doença mais grave.

    Sinais como irradiação da dor para as pernas, dormência ou perda de sensibilidade podem apontar para uma hérnia de disco, que em alguns casos exige até cirurgia, ou problemas neurológicos.

    Custo social da dor nas costas

    O relatório global sobre o tema também versa sobre a economia, já que esse problema de saúde impacta mais as pessoas em idade ativa, entre 20 e 55 anos. Por causa de dores nas costas, há mais faltas no trabalho e até casos de aposentadoria precoce.

    “O custo social apontado pelo documento é imensurável. Além das questões trabalhistas, há o impacto na saúde pública dos países e também relação com vício em analgésicos e opioides, que podem levar à morte”, pontua Carneiro.

    No Brasil, segundo um estudo, há uma média de 100 dias de licença por pessoa que sofre com dores nas costas ao ano. Isso gera perdas acima de US$ 2 milhões para o país.

    Além do home office, trabalhadores que carregam peso, fazem uso de máquinas trepidantes ou passam por outros perrengues físicos também devem cobrar as empresas por treinamento adequado e mais segurança.

    Prevenção

    + Leia também: Como trabalhar e ser produtivo em casa sem prejudicar a saúde

    Ergonomia

    Compartilhe essa matéria via:
    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY
    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 10,99/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.