Donovanose: conheça uma rara infecção sexualmente transmissível
A presença de nódulos e úlceras é a marca dessa infecção sexualmente transmissível (IST) que afeta países tropicais e pobres

A presença de nódulos na genitália que, com o tempo, vão se transformando em úlceras profundas é um dos principais sinais da donovanose, uma rara infecção sexualmente transmissível (IST).
A falta de higiene e as baixas condições socioeconômicas são alguns fatores de risco para essa doença, que é mais comum em países tropicais e subtropicais. Papua‐Nova Guiné, África do Sul, Indonésia, Austrália, Índia e até mesmo o Brasil estão entre os países com mais registros.
Também conhecida como granuloma inguinal, a donovanose é causada por uma bactéria chamada Klebsiella granulomatis.
Na grande maioria dos casos, a transmissão ocorre durante o ato sexual. No entanto, também há relatos de que a enfermidade possa ser adquirida por bebês durante o parto de mães infectadas.
Saiba reconhecer os sintomas da donovanose, como prevenir e tratar essa IST.
Clique aqui para entrar em nosso canal no WhatsAppO que é a donovanose?
A donovanose é uma doença bacteriana que provoca lesões progressivas e crônicas nos órgãos genitais de homens e mulheres.
A condição recebeu esse nome por causa da presença de corpos de Donovan em pacientes infectados. Os corpos de Donovan são cocobacilos (bactérias em forma de bastonete) K. granulomatis encapsulados, que se infiltram em células imunes.
Também é chamado de granuloma inguinal em referência aos nódulos que são se formando na região da virilha.
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Causa e fatores de risco
A causa da donovanose é a infecção pela bactéria Klebsiella granulomatis. A maioria dos casos ocorrem na África, no Sudeste Asiático, no Caribe e na América do Sul.
Um recorte importante entre os pacientes é o socioeconômico: os mais pobres tendem a contrair a doença mais frequentemente. A falta de higiene é outro elemento importante.
Também é comum que a doença esteja associada a outras IST, como a de HIV. A presença de úlceras pode, inclusive, aumentar o risco de contrair outras condições transmitidas durante o sexo.
Sintomas de donovanose
De acordo com um artigo publicado na revista científica Anais Brasileiros de Dermatologia, a bactéria K. granulomatis pode ficar incubada no corpo da pessoa infectada por duas semanas ou até 50 dias. Isso quer dizer que os primeiros sinais da doença podem demorar mais de um mês para serem notados.
No geral, a genitália é a parte mais atingida (90%), seguida da inguinal (10%). A região íntima compreende o pênis, os testículos , a vulva, a vagina e o ânus.
As primeiras lesões nascem como nódulos subcutâneos indolores e, após algumas semanas, evoluem para úlceras.
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Transmissão e prevenção
A transmissão da donovanose se dá principalmente por via sexual, mas também pode ser passada de mãe para filho durante o parto.
Portanto, as principais formas de evitar a doença são por meio do uso de preservativos em quaisquer relações e do diagnóstico e tratamento precoce dos casos, evitando que crianças pequenas sejam infectadas no parto e que outros adultos contraiam a doença.
É uma condição menos contagiosa do que outras ISTs bacterianas, como sífilis e gonorreia.
Diagnóstico
O diagnóstico é realizado por análise clínica e exames laboratoriais, como o citológico ou o histopatológico.
É preciso analisar amostras das lesões para identificar a alterações, como a presença dos corpos de Donovan nas células do paciente, e descartar outras doenças que provocam feridas semelhantes — como certos tipos de câncer. A donovanose é uma doença benigna.
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Tratamento
Por se tratar de uma doença bacteriana, os antibióticos são indispensáveis. A azitromicina é a primeira opção, mas também pode ser indicada doxiciclina, o ciprofloxacino, a eritromicina e o sulfametoxazol/trimetoprima
A depender da profundidade das feridas, pode ser necessária cirurgia para remoção de cicatrizes e reconstrução de partes obstruídas pela infecção, como o sistema linfático.
“Em todos os pacientes com lesões crônicas, que não respondam ao tratamento, deve‐se considerar a possibilidade de malignidade”, escreve Walter Belda Junior, professor do Departamento de Dermatologia da Faculdade de Medicina de Universidade de São Paulo (USP), no Anais Brasileiros de Dermatologia.