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Doação de medula óssea: os bancos precisam de jovens adultos

Para rejuvenescer o perfil, a idade limite de cadastro para doação caiu de 55 para 35 anos. Hoje, mais de 800 pessoas aguardam um transplante

Por Fabiana Schiavon
Atualizado em 1 out 2021, 10h36 - Publicado em 30 set 2021, 19h09
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  • Manter abastecido o banco de doadores de medula óssea é um desafio. Atualmente, há 5,4 milhões de brasileiros no registro, mas, para que a convocação seja consumada, é preciso que o voluntário esteja com os dados de contato atualizados e dentro dos pré-requisitos.

    Para rejuvenescer o perfil dos doadores, o Ministério da Saúde diminuiu a idade limite de 55 para 35 anos, e conta com os mais jovens para encurtar a fila de mais de 800 pessoas que aguardam um transplante.

    Para ser um possível doador, basta fornecer uma amostra de sangue para a análise da tipagem da medula. Quando a pessoa é considerada compatível, ela será procurada para, então, colaborar com o transplante.

    Pré-requisitos para ser um doador

    + LEIA TAMBÉM: Precisamos ampliar e manter atualizados os doadores de medula óssea

    Por que houve a redução da idade dos doadores?

    Alguns pontos pesaram nessa decisão. “Há alguns anos, já existem evidências de que pacientes que receberam o transplante de pessoas mais novas tiveram um resultado melhor”, aponta Danielli Oliveira, médica e coordenadora do Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome), mantido pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca).

    Além disso, ela conta que frequentemente os médicos não selecionam os voluntários mais velhos. “Nesse contexto, reduzir a idade é um esforço para rejuvenescer o cadastro”, completa.

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    “Uma outra justificativa para essa mudança é tentar aumentar o tempo em que a pessoa fica disponível no registro”, esclarece Jayr Schmidt Filho, diretor da onco-hematologia do Hospital A.C.Camargo Cancer Center. Veja: os doadores podem ser chamados até os 60 anos, e o registro aos 55 deixava esse intervalo muito curto.

    A situação atual

    Entre janeiro e junho deste ano, foram realizados mais de 1 500 transplantes de medula óssea em todo o Brasil. Quando não há um familiar compatível, é preciso contar com o Redome.

    Se a busca não tiver efeito, há ainda o cadastro mundial, que hoje passa dos 38 milhões de pessoas. Cerca de 70% desses transplantes são feitos dentro do país.

    “Não chegar aos 100% de doadores nacionais não tem a ver com o tamanho do cadastro do Redome, mas com questões genéticas, e esse é outro grande desafio. Por causa da miscigenação no Brasil, há uma dificuldade maior de separar a população em tipos genéticos e fazer investigações mais personalizadas”, afirma Danielli.

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    Isso ocorre porque cada raça ou etnia tem alguns tipos e características de medula óssea mais frequentes. A maior chance de achar um doador está sempre entre pessoas que têm antepassados que vieram do mesmo lugar do mundo.

    “Há estudos para que consigamos nos adaptar e, no futuro, poderemos fazer campanhas de doação mais direcionadas. Ou seja, vamos conseguir entender que tipos genéticos faltam no banco e onde encontrá-los”, avalia Danielli.

    Como doar e atualizar o cadastro

    Quem precisa do transplante de medula óssea e como ele é feito

    A intervenção é necessária para pessoas que sofrem de alguns tipos de câncer, como leucemia ou linfoma, ou que apresentam falência da medula óssea e quadros mais graves de imunodeficiências.

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    Ao ser convocado e aprovado, o doador pode fazer dois tipos de procedimento – nenhum deles envolve cirurgia, já que não se trata da doação de um órgão, mas das células produzidas pela medula óssea.

    + LEIA TAMBÉM: Transplante de medula óssea: mitos, verdades para que serve

    Um deles é chamado de alogênico. O doador é internado de um dia para o outro, anestesiado, e é feita uma punção que retira as células da medula óssea por meio de um líquido que fica dentro do osso do quadril.

    O outro procedimento é chamado de autólogo. Nele, o doador recebe uma medicação que induz as células da medula óssea a entrarem na corrente sanguínea, sem a necessidade de sedação nem anestesia. “Uma máquina filtra o material para retirar as células-tronco, e o paciente o recebe como em uma transfusão de sangue”, explica Danielli.

    A escolha do procedimento depende da doença e da opção do doador. Os casos de insucesso no procedimento são raros. “Há menos rejeição do que em transplantes como o de coração ou fígado”, relata a médica do Redome.

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