Segundo dois estudos publicados na revista científica Nature, o fato de alguns tumores serem mais agressivos em homens do que em mulheres pode ser explicado por alterações no cromossomo Y, o responsável por designar o sexo masculino.
O primeiro trabalho, realizado pelo Centro Médico Cedars-Sinai, nos EUA, apontou que a perda dessa estrutura onde estão empacotados os genes está ligada à maior agressividade em tumores de bexiga e à maior capacidade de a doença driblar a imunidade.
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A ausência do cromossomo Y em células dos homens pode ser observada em diversos tipos de câncer, inclusive em até 40% dos que afetam a bexiga.
Já em experimento com camundongos feito pela Universidade do Texas, nos EUA, foi visto que mutações em um gene do mesmo cromossomo conspiram para a disseminação de tumores.
O peso da informação
Pesquisas como essas são importantes para que os médicos compreendam como os tumores se desenvolvem. Por isso, não devem gerar piores perspectivas aos pacientes.
“O entendimento sobre a genômica do câncer amplia as possibilidades de tratamentos a serem criados, aprimorados e individualizados”, afirma o médico Rodrigo Dienstmann, da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).
Segundo o especialista, esse conhecimento favorece o rastreamento de casos, riscos e históricos familiares. “Ainda assim, o câncer é uma doença multifatorial”, pontua. São poucos os casos determinados apenas pelo DNA.
O primeiro sequenciamento completo do cromossomo Y, publicado em agosto na Nature, revelou 30 milhões de bases genéticas no DNA. Seu estudo pode abrir portas para descobertas sobre a fertilidade e o tratamento de doenças.