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Covid-19: por que testar a combinação de vacinas diferentes?

Estudos vão aplicar vacinas de fabricantes distintos em humanos para ver se, juntas, elas se tornam mais eficazes contra o coronavírus e suas mutações

Por Bruno Athayde
Atualizado em 15 abr 2021, 12h25 - Publicado em 10 fev 2021, 12h55
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  • A vacinação contra o novo coronavírus mal começou e os cientistas já começam a fazer novos testes para tentar turbinar os resultados da imunização em massa. Recentemente, foi lançada uma pesquisa para avaliar o potencial da combinação da vacina da AstraZeneca e Universidade de Oxford com a da Pfizer/BioNTech. Mas qual a lógica por trás de iniciativas como essa?

    Antes de tudo, a médica Viviane Boaventura, que é imunologista, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz e professora da Universidade Federal da Bahia, afirma que a estratégia de aliar vacinas com tecnologias diferentes já é adotada na prevenção de outras doenças, como a poliomielite.

    E não é que os fabricantes misturam os compostos e os aplicam em uma mesma injeção. Na realidade, os voluntários desses experimentos envolvendo o Sars-CoV-2 receberão uma primeira dose de uma marca e, após algum tempo, uma segunda dose da outra.

    Uma das metas de estudos assim é avaliar se há melhora na capacidade de evitar a Covid-19. Ora, como cada produto instiga o sistema imune de um jeito distinto, é possível que o combo turbine ainda mais nossas defesas.

    A vacina da Universidade de Oxford, por exemplo, usa um vírus modificado que é incapaz de se replicar para transportar pedaços do material genético do coronavírus que estimulam a nossa imunidade. Já a da Pfizer recorre a fragmentos do RNA viral com o mesmo fim. Há ainda pesquisas previstas que associam a vacina de Oxford com a Sputnik V, fabricada na Rússia.

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    Outro ponto que os especialistas pretendem averiguar é se essas combinações protegem adequadamente contra as novas variantes do Sars-CoV-2. E, claro, se elas disparam efeitos colaterais adicionais.

    Existe uma vantagem indireta — e especialmente valiosa durante uma pandemia — de poder combinar diferentes imunizantes: a flexibilização da logística. Ter a possibilidade de aplicar a dose de um fabricante e, dias depois, a de outro ajuda as autoridades a organizarem e distribuírem seus estoques. Se há uma falta momentânea de uma versão de vacina, o serviço consegue oferecer a de outra (desde que haja testes com essa união).

    Os próximos passos

    Viviane, que também integra a Sociedade Brasileira de Imunologia, ressalta que a união da vacina de Oxford com a da Pfizer trouxe resultados promissores em camundongos, porém aqueles estudos em humanos que mencionamos ainda vão demorar um tempinho para serem concluídos.

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    Mesmo se tivermos dados positivos, os órgãos reguladores precisam entrar em jogo para checar as pesquisas e outras informações. No Brasil, estamos falando da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Ou seja, por enquanto, não devemos usar doses de vacinas diferentes”, reforça Viviane.

    Ainda assim, a especialista está otimista: “Agora que as vacinas começaram a ser aplicadas, teremos mais informações para testar combinações e avançar no combate ao coronavírus. É importante que todos os países vacinem para frearmos a transmissão e a mutação do vírus. E a utilização de doses diferentes pode facilitar essa conquista”, finalizou Viviane.

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