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Covid-19: começa o estudo que aplicará a Coronavac em uma cidade inteira

Instituto Butantan pretende avaliar impacto da vacinação em massa na transmissão do coronavírus, no sistema de saúde e até na economia. Entenda

Por Maria Fernanda Ziegler, da Agência Fapesp*
Atualizado em 9 mar 2021, 13h56 - Publicado em 17 fev 2021, 12h03
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  • Começou hoje (17/02) em Serrana, município paulista com 48 mil habitantes, um estudo inédito com o objetivo de avaliar o impacto da vacinação no combate à pandemia de Covid-19. Toda a população maior de 18 anos será imunizadas nos próximos dois meses. Os primeiros resultados devem ser conhecidos em maio. A vacina utilizada será a Coronavac, desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac e produzida no Brasil pelo Instituto Butantan.

    Por meio desse estudo – denominado Projeto-S – os pesquisadores vão medir o impacto da vacinação na transmissão do vírus e na redução da sobrecarga no sistema de saúde, bem como outros efeitos indiretos na economia, na circulação de pessoas e também sobre as novas variantes do Sars-CoV-2. A pesquisa é coordenada pelo próprio Instituto Butantan, em parceria com o Hospital Estadual de Serrana e a administração municipal.

    “Queremos identificar a queda da taxa de transmissão do novo coronavírus com a imunização ou o número de pessoas que é necessário vacinar para que o vírus pare de circular”, diz Ricardo Palácios, diretor de Estudos Clínicos do Butantan.

    Palácios afirma que as informações obtidas em Serrana servirão de base para o planejamento da campanha de vacinação. “Esse tipo de estudo é muito difícil de ser realizado. Ele demanda uma grande preparação de logística e um envolvimento de vários atores e da própria população. Só conseguiremos os dados que buscamos se as pessoas se engajarem na vacinação”, argumenta.

    No primeiro dia de cadastramento da população de Serrana, que ocorreu em 11 de fevereiro, cerca de 23 mil indivíduos se inscreveram no projeto, o que equivale a 76% do público-alvo do projeto. Uma nova etapa de inscrição será iniciada agora.

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    Para analisar os efeitos da vacinação, a cidade foi esquadrinhada e dividida em 25 setores ou aglomerações. Por meio de um sorteio, foi estabelecida a ordem de vacinação de cada setor nos próximos dois meses. A única priorização é a de que setores vizinhos não sejam imunizados ao mesmo tempo, justamente para avaliar o impacto de um aglomerado protegido em outro que não recebeu as doses. O Instituto Butantan vai monitorar por meio de testagens a redução do contágio da Covid-19.

    Por que Serrana?

    A escolha se deu por três motivos principais:

    1. Trata-se de uma cidade pequena, o que facilita o controle
    2. Há um alto índice de contaminação. Isso permite avaliar a diferença entre a imunidade obtida pela doença e a adquirida pela vacina
    3. O município fica perto de um polo de pesquisa, como é o caso de Ribeirão Preto
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    A preparação para a realização do Projeto-S começou em setembro de 2020, quando os casos da doença e os contatos dos infectados em Serrana passaram a ser monitorados. Há testes disponíveis para toda a população em clínicas, hospitais e postos de saúde da cidade. Foi realizado ainda uma espécie de censo que buscou informações em cada endereço sobre número de moradores, rotina de contato e disposição para se vacinar.

    Antes disso, em junho de 2020, na primeira fase do inquérito epidemiológico, testes sorológicos e de RT-PCR realizados em 160 endereços mostraram que 8,75% dos habitantes haviam tido contato com o vírus e 5% estavam com a infecção ativa.

    Além das doses distribuídas como parte do plano nacional de vacinação iniciado em 17 de janeiro, foram destinadas mais 60 mil doses da Coronavac importadas pelo Instituto Butantan para a pesquisa.

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    “A cidade não é uma ilha. Diariamente, pessoas saem de lá e vão trabalhar em outros lugares, ou recebem visitas de gente de fora. Isso é relevante para o nosso estudo, porque poderemos mensurar o impacto desses deslocamentos e contatos no efeito da vacinação coletiva. Analisar esses efeitos é de extrema importância para o planejamento da imunização”, diz.

    *Este conteúdo é da Agência Fapesp.

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